23 novembro 2011

STAATLICHES BAUHAUS: A CASA ESTATAL DE CONSTRUÇÃO


Em 1919 surgia o Modernismo com a integração de duas escolas na extinta República de Weimar, na Alemanha. O arquiteto Walter Gropius integrou a Escola de Artes e Ofícios e a Escola Superior de Belas-Artes, fundando uma nova escola de arquitetura e desenho - a Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), mais conhecida como Escola Bauhaus.


A ascendência mais próxima da escola está na associação Deutscher Werkbund (Federação Alemã do Trabalho), fundada em 1907 por Hermann Muthesius para incentivar as relações entre os artistas, os artesãos e a indústria. Muthesius desejava criar o que chamava de Maschinenstil (estilo da máquina). Gropius, que foi membro da Werkbund, materializou esse objetivo, em grande parte, na Bauhaus.


O principal campo de estudos da escola era a arquitetura e procurou estabelecer planos para a construção de casas populares baratas por parte da República de Weimar. Mas também havia espaço para outras expressões artísticas: o design e as artes plásticas. Gropius pressentiu que começava um novo período da história com o fim da Primeira Guerra Mundial e decidiu que a partir daí se deveria criar um novo estilo arquitetônico que refletisse a época.

VÍDEO: HABITAÇÃO BAUHAUS: HOUSE OF ZUCKERKANDL



A Bauhaus tinha a finalidade de ressaltar a personalidade do homem - mais importante que formar um profissional, era formar homens ligados aos fenômenos culturais e sociais mais expressivos do mundo moderno – e isso logo definiu o estilo em seus produtos despidos de ornamentos, funcionais e econômicos, cujos protótipos saíam de suas oficinas para a execução em série na indústria. O ensino era elástico, com artistas, mestres de oficinas e alunos participando, em conjunto, das pesquisas. Para Gropius, a unidade arquitetônica só podia ser obtida pela tarefa coletiva, que incluía os mais diferentes tipos de criação, como a pintura, a música, a dança, a fotografia e o teatro.


O estilo Bauhaus era fruto do pensamento dos professores, recrutados, de várias nacionalidades, entre membros dos movimentos abstrato e cubista, que proporcionaram a introdução de movimentos como o expressionismo ou o construtivismo. A escola congregou importantes criadores de vanguarda, que foram responsáveis pelo contato direto com diferentes tendências da arte européia: o construtivismo russo, o grupo de artistas holandeses ligados ao De Stijl (O Estilo) e os adeptos do movimento de pintura alemã Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade).


No inicio, Gropius apoiou-se principalmente em três mestres: o pintor americano Lyonel Feininger, o escultor e gravador alemão Gerhard Marcks e o pintor suíço Johannes Itten. A eles se juntaram depois artistas como Oskar Schlemmer, Paul Klee, Wassili Kandinski, László Moholy-Nagy e Ludwig Mies van der Rohe, que vieram reforçar a o afastamento da arte baseada em conceitos históricos e privilegiar um novo ideal artístico, baseado em princípios como a realização do ideal do “novo homem”. Em 1925, Josef Albers e Marcel Breuer passaram a fazer parte do grupo.

DOCUMENTÁRIO COMPLETO: THE DESSAU BAUHAUS



Em termos de formação a Bauhaus de Gropius era uma escola de artes e ofícios que dispunha de oficinas para vidro, cerâmica, tecelagem, metais, carpintaria e pintura mural, escultura de madeira e de pedra. Ainda oficinas de artes de palco, impressão e encadernação. O Vorkurs - curso preparatório - era exigido a todos os alunos e ministrado nos moldes do que é o moderno. Não se ensinava história na Bauhaus durante os primeiros anos de aprendizado, porque acreditava-se que tudo deveria ser criado por princípios racionais ao invés de ser criado por padrões herdados do passado. Só após três ou quatro anos de estudo o aluno tinha aulas de história, pois assim não iria influenciar suas criações.


Pelo seu caráter reformador e vanguardista, a Bauhaus esteve, por várias vezes, em situações incômodas pelos regimes políticos em vigor. A conjuntura liberal que reinava na República de Weimar acabou com a ascensão do Partido Nacional Socialista na Alemanha. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. Ameaçada de dissolução pela forte oposição às suas inovações, a Bauhaus mudou-se em 1925 para Dessau, onde ficou até o advento do nazismo. Para abrigá-la, Gropius projetou e construiu um complexo de edifícios que era, em si mesmo, um manifesto de arquitetura moderna e uma das mais extraordinárias obras da década de 1920.


É neste período que as atividades da escola se intensificaram, com o lançamento de publicações e a organização de exposições. Uma clara mentalidade racionalista presidia à elaboração dos projetos. Nesse período acontece a ligação mais efetiva entre arte e indústria, com o desenvolvimento de uma série de objetos - mobiliário, tapeçaria, luminária etc. -, produzidos em larga escala, como as cadeiras e mesas de aço tubular criadas por Marcel Breuer e Ludwig Mies van der Rohe, produzidas pela Standard Möbel de Berlim e pela Thonet.


Em 1928, Gropius passou o cargo de diretor ao suíço Hannes Meyer, abandonando a escola, já então consolidada, junto com Moholy-Nagy e Breuer. A nova direção deu realce ainda maior à arquitetura e assistiu à chegada das influências do construtivismo russo. Em 1930, Meyer, cuja postura esquerdista não era bem vista pelas autoridades, foi substituído pelo arquiteto alemão Mies van der Rohe. Este reorganizou a escola e deu-lhe um novo impulso.
Em 1932, a Bauhaus mudou-se para Berlim, devido à perseguição do recém-implantado governo nazista que encerrou as suas instalações. Contudo, em 11 de Abril de 1933, a Bauhaus em Berlin também é fechada por ordem do governo.


O edifício inicial projetado por Walter Gropius sofreu inúmeras modificações após a Segunda Guerra. Em 1994 iniciou-se um processo de reforma para restabelecer a condição original do edifício. Devido a inexistência do projeto original o trabalho foi árduo e concluído somente em 2007. Ainda hoje é o edifício principal do pólo da universidade, destacando-se o escritório de Walter Gropius, mantido inalterado.
Link: http://www.bauhaus.de/

O LEGADO DA BAUHAUS


Apesar de ter durado apenas 14 anos, a Bauhaus deixou um legado importante, que permanece atual. A emigração dos professores da escola, devido ao nazismo, é fator decisivo na difusão das idéias da Bauhaus pelo mundo todo.
Nos Estados Unidos, para onde se dirige boa parte deles - Gropius, Moholy-Nagy, Breuer, Bayer, Van der Rohe e outros - surge a Nova Bauhaus, em Chicago, 1937/1938 e o Architectes's Collaborative - TAC, escritório de arquitetura criado por Gropius em 1945, quando é professor em Harvard.
Em 1950 inaugurou-se em Ulm, na Alemanha, a Hochschule für Gestaltung (Escola Superior da Forma), dirigida por Max Bill, ex-aluno da Bauhaus de Dessau. A essa última instituição, em especial, coube dar seguimento programático às formulações da antiga Bauhaus - uma escola que se integrou perfeitamente no contexto da civilização do século XX para dar-lhe uma visualidade própria.

DOCUMENTÁRIO COMPLETO LEGENDADO: BAUHAUS: THE-FACE OF THE 20TH CENTURY, de 1994

PARTE 1



PARTE 2



PARTE 3



PARTE 4


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