27 novembro 2011
RICHARD SERRA: ENVOLVENDO O ESPECTADOR
Richard Serra nasceu na Califórnia em 1939. Manifestou-se no circuito artístico de Nova York seguindo as influências da Arte Povera e do Minimalismo, no mesmo sentido de Donald Judd, Robert Morris e Frank Stella.
Na década de 60, enquanto se aperfeiçoava como pintor na Europa, Serra decidiu que queria envolver o observador diretamente no seu trabalho e, achando que não poderia fazer isso em duas dimensões, decidiu abandonar a pintura e tornar- se escultor.
Em 1970, realizou o equilíbrio entre placas de aço apoiadas em si prórias, sem a ajuda de suporte, concebendo possibilidades esculturais que ainda hoje estão em experimentação.
Desde então suas obras públicas - grandes estruturas de aço no território urbano, têm alterado a percepção do espectador sobre o espaço. Toda sua obra reflete uma atenção pela experimentação e revela uma preocupação com a redefição do espaço.
Com o objetivo de envolver o espectador, Serra possibilitou uma nova forma de interação com a escultura, ampliando as fronteiras e a definição dessa arte. O centro de gravidade e o equilíbrio, a massa e o vazio, a percepção do espaço e a consciência corporal por parte do espectador constituem os temas básicos de sua obra.
Colocando seu trabalho exposto no meio urbano e também em museus, como no MOMA - que precisou passar por uma transformação superlativa para a realização de uma mostra - o escultor escolhe tornar-se público e acessível aos outros.
VIDEO: RICHARD SERRA NO MOMA (2006)
As obras de Serra têm relevância inclusive entre arquitetos, uma vez que força e transforma os limites do espaço, proporcionando uma nova experiência do homem no mundo. Sua contribuição à arquitetura, está fundamentalmente em tomá-la como um lugar onde o artista estrutura espaços e explora novas possibilidades. Fundamentalmente, Serra desafia e proporciona uma reflexão à construção do espaço.
VIDEO: RICHARD SERRA TALK WITH CHARLIE ROSE (2001)
Serra já instalou suas obras em cidades como Nova York, Paris e Londres. Seu trabalho no espaço público considera um local específico e, neste sentido, sua obra não representa apenas o objeto em si, mas a sua relação com o local e com a população.
Em 1987, Serra instalou o seu Tilted Arc (Arco Inclinado) na Federal Plaza em Nova York - uma placa de metal curva de 3,6 metros de altura, que gerou polêmica e foi retirada do local pela mobilização dos habitantes que consideravam a escultura uma armadilha que poderia favorecer o acúmulo de lixo até ser usada como escudo por terroristas e assaltantes. Na discussão Serra alegou que a escultura era concebida especificamente para aquele local e que a sua remoção a destruiría. Em 1989, a peça foi retirada e encaminhada para um ferro-velho.
VIDEO: TORQUED ELLIPSE IV NO MOMA (1998)
As proporções das esculturas de Serra surpreendem quando se nota que não há nada para sustentá-las – para os leigos em física é um equilíbrio incompreensível. Para ele, o observador deve confiar apenas em sua experiência quando está entre as paredes da escultura. O objetivo principal do escultor é enfatizar o processo de criação, as características do material e, sobretudo, relacionar espectador e obra.
’THE MATTER OF TIME’
‘The Matter of Time’ é uma série composta por oito esculturas:
Torqued Spiral (Closed Open), 2003; Torqued Ellipse, 2003-04; Double Torqued Ellipse, 2003-04; Snake 1994-97; Torqued Spiral (Right Left), 2003-04; Torqued Spiral (Open Left Closed Right), 2003- 04; Between the Torus and the Sphere, 2003-05 e Blind Spot Reversed, 2003-05.
O conjunto desta obra pesa cerca de 1200 toneladas, tem mais de 430 pés de comprimento. As peças em aço, de grande escala, que compõem essa obra, erguem-se como muros, e se entrelacem em labirintos. Para se visitar uma escultura de Serra é preciso entrar nela fisicamente, interagir, sentir a textura, o frio do metal, elas são uma espécie de retorno à cidade. É preciso se perder nelas, perder-se para elas, se entregar as sensações, aos sentimentos que elas despertam.
VÍDEO: INTERAÇÃO COM 'THE MATTER OF TIME', 2005
A experiência do espectador durante o trajeto pelas predes de aço é um aspecto inerente na obra de Serra. O sentido desta criação é ativado pelo ritmo do movimento de cada espectador.
Este conjunto de esculturas se baseia na idéia de temporalidade múltipla, de tempos que se sobrepõem. A duração da experiência de uma peça é diferente à da outra. Por um lado a experiência é interna, privada, psicológica e estética, e de outro, é externa, social e pública. O espectador mergulha em uma viagem, cujas descobertas dependem de sua vontade de investir seu tempo e deixar que suas memórias se fundem na percepção. Ambas as criações de Serra nos instigam, nos provocam, nos fazem querer ser parte da obra.
VIDEO: MONTAGEM DE 'THE MATTER OF TIME' NO GUGGENHEIM BILBAO
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