11 novembro 2011

GOVERNO CHINÊS CONDENA O ARTISTA AI WEIWEI


O governo chinês deu duas semanas para que Ai Weiwei pague 15 milhões de iuans (2,4 milhões de dólares) em impostos e sanções. O valor, originalmente citado em $770,000, foi alterado e largamente aumentado. O montante é referente a supostos impostos atrasados e multas da companhia para a qual ele trabalha, a Beijing Fake Cultural Development, de propriedade de sua esposa, Lu Qing.
A ordem de cobrança do Escritório Local de Tributação de Pequim foi entregue ao artista na casa dele, localizada em um dos distritos artísticos da capital chinesa.


Ai disse que as autoridades o apontaram como controlador da empresa que ajudou suas obras a conquistarem prestígio internacional.
- Eles criaram esse pequeno título - disse Weiwei - Sou um designer da empresa. Não sou diretor nem mesmo gerente. Claro, sei que essa questão é para me atingir.
O artista ainda disse que não teve acesso aos documentos que deram origem à acusação de sonegação nem sabe a que impostos e taxas ela se refere. "Onde está a prova? Se o governo quer fazer uma acusação, ele tem de mostrar as evidências."

VÍDEO: ENTENDA O DESAPARECIMENTO DO ARTISTA CHINÊS AI WEIWEI



Em julho, as autoridades de Pequim fizeram uma audiência a portas fechadas sobre o caso de evasão fiscal. Weiwei tentou participar da audiência, mas foi barrado na porta. Em junho, quando foi libertado, o governo havia afirmado que Weiwei continuava sob investigação de crimes econômicos.
O dissidente afirmou que, se não pagar o que deve, estará sujeito a uma pena que pode variar entre 2 e 7 anos de prisão. "Eu ainda não sei o que fazer. Tenho de conversar com advogados e especialistas em tributação", disse.
— Se for um problema de impostos, vou pagar. Mas se não for, não vou pagar — disse.
O artista colocou mensagem no Twitter dizendo que as autoridades ameaçaram o contador e o administrador da empresa e os alertaram para que não se encontrassem com ele.

VÍDEO: AI WEIWEI DETAINED. HIS TED FILM



Weiwei considera que esta é mais uma tentativa de silenciá-lo. Para ele, a denúncia de sonegação tem motivação política e seu objetivo é dar um verniz de legalidade à sua prisão - além de ser uma tentativa de intimidá-lo, na opinião de simpatizantes.
Ai foi preso em 3 de abril e permaneceu detido durante 81 dias sem a apresentação de nenhuma acusação formal contra ele. Quatro dias depois de sua prisão, o governo chinês afirmou que o dissidente era investigado por "crimes econômicos", sem dar detalhes das suspeitas.
SAIBA MAIS SOBRE A DETENÇÃO DE AI WEIWEI CLICANDO AQUI.
Ele foi libertado em junho. Como condição para a libertação, Ai foi proibido de dar entrevistas, escrever na internet e sair de Pequim pelo período de um ano.
Porém, não demorou muito para que Weiwei voltasse a manifestar suas opiniões e criticar o governo. Em agosto, ele publicou um artigo na revista “Newsweek” e suas mensagens no Twitter se tornaram cada vez mais frequentes. Ele conta com cem mil seguidores na rede.

VÍDEO: WHO IS AFRAID OF AI WEIWEI



Ai é o mais célebre dos críticos do regime presos desde meados de fevereiro, quando teve início a mais violenta onda de repressão na China em pelo menos uma década. As autoridades de Pequim reagiram a e-mails anônimos que convocavam manifestações semelhantes às que derrubaram regimes autoritários em países muçulmanos, em uma tentativa de criar uma versão local da primavera árabe.
Os protestos não chegaram a ocorrer, mas dezenas de ativistas, blogueiros, intelectuais e advogados que atuam na área de direitos humanos foram presos, alguns dos quais acusados de subversão.

VÍDEO: AI WEIWEI - SEM PERDÃO (Português)



O fato causou mobilização nos cidadão chineses, que até agora já enviaram mais de US$ 800 mil em contribuições para o artista. Cerca de 20 mil pessoas já enviaram dinheiro para Ai Weiwei através de transferências bancárias e envelopes.
Em retribuição, sementes de cerâmica comemorativas da instalação "Sunflower Seeds", que Ai Weiwei apresentou em sua instalação na Tate Modern, são preparadas para serem enviadas às pessoas que estão colaborando com o artista.
Um jornal estatal publicou na segunda-feira (07) que Weiwei pode ser acusado de “captação ilegal de recursos” e que “é absolutamente normal para um certo número de pessoas demonstrar seu apoio a ele com doações. Mas essas pessoas são um número extremamente pequeno quando comparado com a população total da China”.

VIDEO: DOCUMENTÁRIO BBC - AI WEIWEI, WITHOUT FEAR OR FAVOR



‘SUNFLOWER SEEDS’

Há 14 anos, a Tate Modern de Londres expõe ‘The Unilever Series’ em que artistas plásticos renomados pelo mundo expõem seus trabalhos no Turbine Hall.
O convidado da edição de novembro de 2010 foi Ai Weiwei, que mais uma vez surpreendeu com a instalação "Sunflower Seeds", colocando 100 milhões de sementes de girassol feitas de porcelana na galeria.
Os visitantes foram convidados a tocar e a andar por cima do tapete de sementes, com uma massa de dez centímetros de altura e pesando mais de 150 toneladas, que cobriu uma superfície de mil metros quadrados.

VÍDEO: ‘SUNFLOWER SEEDS’ NO TURBINE HALL



Para concluir a obra foi necessário que 1,6 mil pessoas se empenhassem durante dois anos e meio na confecção das sementes, em que cada colaborador contribuiu com cerca de 60 mil réplicas. Ai Weiwei contribuiu apenas com três.
Na conferência de imprensa de apresentação da exposição, Ai Weiwei explicou que todas as peças foram produzidas segundo os métodos tradicionais na antiga cidade de Jingdezhen, na China, famosa pela sua produção de porcelana para a corte imperial.

VÍDEO: VEJA OS BASTIDORES DE ‘SUNFLOWER SEEDS’


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