07 janeiro 2012
ARQUITETURA: "ORNAMENTO E CRIME", O MANIFESTO DE ADOLF LOOS
Adolf Loos (1870 – 1933) foi um notável arquiteto de Brno, na República Checa. Introduziu um novo conceito em sua obra - o “Raumplan”, que desenvolve a planta em diferentes cotas. Através das variações de altura das divisões, bem como das proporções adotadas e das mudanças de materiais, é estabelecida uma hierarquia entre os diversos espaços; criam-se zonas dentro da casa, definindo também graus de intimidade de cada divisão.
Precursor da ‘nova objetividade’, polemizou com os modernistas que formavam a denominada Secessão de Viena e que representavam um ponto de vista antagônico ao do racionalismo arquitetônico.
Em 1897, Loos deu início a uma série de artigos no ‘Neue Freie Presse’, de Viena, onde estabeleceu a sua reputação internacional. O arquiteto analisou uma vasta gama de males sociais, identificados como os fatores que motivam a luta por uma transformação da vida cotidiana, cada vez mais focados no excesso de decoração ‘tradicional vienense’ e nos produtos mais recentes da Secessão de Viena, e da Werkstätte Wiener.
Em 1898, Loos publicou um ensaio que marcou o início de uma longa oposição teórica ao popular movimento ‘art nouveau’. Suas teorias culminaram em um curto ensaio intitulado "Ornamento e Crime", publicado em 1908.
Raiffeisenbank, 1909
Para ele, a falta de ornamento na arquitetura era um sinal de força espiritual e considerava o ornamento penal por causa da economia do trabalho e do desperdício de materiais da civilização industrial moderna. Ele argumentou que, como ornamento já não era mais uma importante manifestação da cultura, o trabalhador dedicado à sua produção não poderia ter, pago, um preço justo pelo seu trabalho. O ensaio se tornou um manifesto teórico e um documento-chave na literatura modernista e foi amplamente divulgado no exterior.
Villa Müller 1926
Loos foi recebido com entusiasmo pela vanguarda francesa. "Ornamento e Crime" foi traduzido em 1920 para a 'Esprit Nouveau', uma publicação editada por Le Corbusier, Dermee Paul e Ozenfant. Ele se apresentou regularmente no ‘Festival d'Automne’ e foi o primeiro estrangeiro a ser eleito para o júri. Construiu algumas das suas obras mais significativas durante este período - A Casa Tzara em Paris (1926-1927), Moller Villa, em Viena (1928), Villa Muller (1930), Villa Winternitz em Praga (1931-1932) e o Khuner Country House, em Payerbach, na Áustria inferior. Monolítico na natureza, estas obras contrastavam fortemente com a arquitetura de vidro que dominou o estilo racionalista da década de 1920.
Para visualizar ou fazer o dowload do manifesto “Ornamento e Crime” – clique aqui
Sua arquitetura é funcional tem em conta as qualidades dos novos materiais ("Teoria do revestimento"). Para Loos, a arquitetura é diferente das artes aplicadas, é a mãe de todas elas, e só inclui estas últimas aos cemitérios e monumentos comemorativos. O resto das tipologías arquitetônicas deverão ser funcionais, eliminando o ornamento. Ele mesmo financiou uma revista - “Dás Andere” (“O Outro”), onde expunha suas ideias.
Em 1912 fundou uma escola de arquitetura, que não chegou a ser oficializada, mas onde ensinou alguns arquitetos importantes, como Neutra e Schindler. Durante alguns anos foi também professor da universidade parisiense da Sorbonne.
Casa de Josephine Baker, 1927
Em 1930, em seu sexagésimo aniversário, Adolf Loos foi oficialmente reconhecido como um mestre da arquitetura e agraciado com uma renda anual, honorífica, pelo presidente da República da Checoslováquia. Seus ensaios foram coletados e publicados no ano seguinte. Adolf Loos morreu em 23 de agosto de 1933 e foi enterrado sob uma lápide simples de seu próprio projeto. Sua contribuição mais significativa para a arquitetura continua seu discurso literário.
‘AUSSTELLUNG - DIE MACHT DES ORNAMENTS’
Em 2009 a cidade de Viena apresentou a exposição ‘Ausstellung - Die Macht des Ornaments’, no Orangerie - Unteres Belvedere.
Banido em 1908 por Adolf Loos e seu famoso ensaio “Ornamento e Crime", na última década a arte do ornamento foi re-estabelecida em formas geométricas, elementos florais, abstratos e caligráfico de sistemas de classificação, que servem como uma linguagem subversiva do questionamento da religião, da tradição e da identidade cultural.
VÍDEO: ‘AUSSTELLUNG - DIE MACHT DES ORNAMENTS’
A exposição no Orangerie desenha uma linha temporal de Viena, que percorre desde a virada do século até o presente, apresentado obras de Gustav Klimt, Josef Hoffmann e Otto Carl Czeschka assim como obras de artistas contemporâneos da Áustria e da Alemanha (Adriana Czernin, Hahnenkamp, Brigitte Kowanz, Raimund Plested, Esther Stocker, Jörn Stoya), dos EUA e Grã-Bretanha (Sarah Morris, Philip Taaffe), Índia (Sakshi Gupta, Raqib Shaw, Hema Upadhyay), Paquistão (Aisha Khalid, Imran Qureshi, Rashid Rana), Líbano (Mona Hatoum) e Irã (Parastou Forouhar, Shirin Neshat, Monir Shahroudy Farmanfarmaian).
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