31 dezembro 2012

CONCEITO: MERCEDES-BENZ ENER-G-FORCE


Desde 2005, o Salão do Automóvel de Los Angeles realiza uma competição de design voltada para o futuro – o Los Angeles Design Challenge. Em 2012, o tema da mostra indagou como seriam os veículos da polícia em 2025. Ainda, as criações deveriam responder aos novos desafios, de proteger e servir o público, e respeitar as normas ambientais na emissão de gases. Entre as propostas apresentadas, a Mercedes-Benz resolveu rever os princípios básicos dos utilitários esportivos.


O conceito Ener-G-Force é um SUV (sport utility vehicle) voltado para o off-road, mas muito mais amigável ao meio-ambiente do que os modelos movidos a gasolina e diesel.
Para o projeto, a Mercedes se baseou em um dos seus modelos mais emblemáticos do ‘off-road’, o Classe G – um ícone que mantém suas características de um utilitário esportivo forte e clássico, com linhas retas e um conjunto mecânico pronto para grandes desafios, desde o seu lançamento em 1979.

VIDEO: MERCEDES-BENZ ENER-G-FORCE TEASER



A proposta da Mercedes - através do seu centro de design norte-americano - para a polícia do futuro implica que ela terá de se adaptar às estradas movimentadas, mesmo quando monitoradas e controladas, devido ao crescimento da população e mudanças no comportamento humano.
A Mercedes-Benz acredita que dentro de algumas décadas as pessoas irão procurar, cada vez mais, atividades ao ar livre em suas horas de lazer e a população seguirá sedenta pelo espirito de liberdade e de aventura. Com isso o Ener-G-Force terá que chegar a lugares de difícil acesso e transpor obstáculos com facilidade.


Como o veículo é destinado a enfrentar terrenos irregulares e inóspitos, ele possui tração integral. Deste modo, a opção dos projetistas da Mercedes foi acoplar um conjunto de motores elétricos, movidos a partir da energia gerada por células de hidrogênio. Cada roda tem seu próprio motor, que garante um sistema independente de tração para um carro que anda com facilidade sobre todo o tipo de terreno. Um dos itens de preparação para isso são as gigantescas rodas de 20 polegadas, calçadas com agressivos pneus para todos os tipos de terreno.


A reinterpretação policial do G teve sua área envidraçada reduzida para promover uma maior segurança aos policiais que ocupam o seu habitáculo, sem prejudicar a visibilidade do condutor. O efeito, além de expor menos os ocupantes, aumentou sua esportividade e garantiu uma imagem que impõem respeito. Outra mudança incorporada foi o arredondamento de seus traços. Ele ganhou músculos, ficando aparentemente mais agressivo e moderno.


A frente marcante do Classe G ganhou um conjunto óptico que deixou o visual do veículo ainda mais imponente e com características futuristas, mas conservou seus pormenores estilísticos - recuperando a forma retangular com a ampla grade superior. Os faróis têm o formato de G e acompanham luzes em LED e piscas laterais instalados acima do para-choque dianteiro.
As saias laterais com design diferenciado tem múltipla função; estribo para facilitar a entrada dos passageiros e armazenamento de energia. A cor das saias vai mudando para identificar a quantidade de energia armazenada.


No teto do carro, um sensor topográfico monitora o espaço e fornece dados ao motorista sobre as condições do percurso, que permitirão ao condutor tomar decisões para configurar a suspensão e o câmbio do carro da melhor maneira possível para superar os obstáculos. O sistema inédito batizado de ‘Terra-Scan’ é um scanner de 360 graus que fica ligado permanentemente. O funcionamento dessa tecnologia também pode ser automatizado: um computador recebe as leituras topográficas e, sozinho, faz todos os ajustes mecânicos.


Ainda no teto, o Ener-G-Force armazena água em tanques e a transfere para o ‘hydro-tech converter’, convertendo-a em hidrogênio para operar as células de combustível. A autonomia é de mais de 800 quilômetros. Esta tecnologia prevista para o Ener-G-Force - os reatores que convertem água em hidrogênio para alimentar as células de combustível - ainda não está disponível. Por isso a Mercedes espera que o Ener-G Force só deixe de ser um conceito em 2025.





Outro item de segurança que afeta diretamente o design do Ener-G-Force é o conjunto de luzes de emergência localizadas em um rack integrado ao teto do SUV, juntamente com o sistema de sirenes do highway patrol.
"O Ener-G-Force é a visão de um todo o terreno que, apesar de refletir as aventuras de amanhã, invoca os genes do ícone da Mercedes-Benz, o modelo G", disse o diretor de design da Mercedes Gorden Wagener.

VIDEO: MERCEDES-BENZ ENER-G-FORCE CONCEPT



06 dezembro 2012

OSCAR NIEMEYER MORRE AOS 104 ANOS



Oscar Niemeyer, principal nome da arquitetura no Brasil, morreu no Rio de Janeiro às 21h55 do dia 5 de dezembro (quarta-feira), aos 104 anos. Reconhecido internacionalmente por suas obras, Niemeyer completaria 105 anos em 15 de dezembro. Ele estava ao lado da mulher, Vera Lúcia, 67, de sobrinhos e de netos no momento da morte. Cerca de dez pessoas o acompanhavam em seu quarto.


Niemeyer estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, desde o dia 2 de novembro, a princípio para tratar de um quadro de desidratação. Desde então ele apresentou uma hemorragia digestiva e houve piora em sua função renal. Na terça-feira (4), seu quadro clínico se agravou com uma infecção respiratória. Era a sua terceira internação em 2012.

VIDEO: OSCAR NIEMEYER MORRE AOS 104 ANOS



A presidente Dilma Rousseff ofereceu o Palácio do Planalto, em Brasília, para o velório de Niemeyer, na quinta-feira. No final do dia o corpo retornou ao Rio de Janeiro, onde aconteceu uma cerimônia restrita a família e amigos no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio. Na manhã de sexta-feira (7), o espaço foi aberto ao público e na mesma tarde aconteceu o enterro no cemitério São João Batista, em Botafogo.


Em fevereiro deste ano, Niemeyer fez uma visita ao Sambódromo, para conferir a fase final das obras de ampliação da Passarela do Samba que mantiveram o traçado original que o arquiteto projetou há 30 anos. Ele enfrentou o sol forte de meio-dia e percorreu num carrinho aberto toda a extensão da Avenida.
Em 6 de junho a designer Anna Maria Niemeyer, única filha de Oscar Niemeyer, morreu, aos 82 anos, em consequência de um enfisema pulmonar. Na ocasião, ele não pôde comparecer ao enterro por recomendações médicas.

TRAJETÓRIA

Nascido no bairro de Laranjeiras em 15 de dezembro de 1907, no Rio, Oscar Niemeyer se formou em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas Artes em 1934. Em seguida, trabalhou no escritório dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão, onde integrou a equipe do projeto do Ministério da Educação e Saúde. O arquiteto foi, ao lado do urbanista Lucio Costa, o criador de Brasília.

VIDEO: UM BREVE PASSEIO PELA OBRA DE NIEMEYER



No entanto, seus primeiros trabalhos foram uma igreja e um cassino às margens da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Por indicação de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte, Niemeyer projetou, no início dos anos 1940, o Conjunto da Pampulha, que se tornaria uma de suas obras brasileiras mais conhecidas.


As linhas inovadoras do pequeno templo dedicado a São Francisco tornaram Niemeyer famoso em todo o país. "Este projeto teve muito êxito porque era diferente: uma arquitetura mais leve e solta, cujas formas tentavam surpreender. Este primeiro trabalho foi muito importante para mim", disse Niemeyer.

VIDEO: LAGOA DA PAMPULHA



Em 1945, o arquiteto ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrando em contato com Luiz Carlos Prestes e outros políticos. Ao longo das décadas, travou amizades com diversos líderes socialistas ao redor do planeta, viajando constantemente à União Soviética e Cuba.

DOCUMENTÁRIO: OSCAR NIEMEYER - O ARQUITETO DO SÉCULO (COMPLETO E DUBLADO) // BIO. HD



Durante os anos 50, projetou obras como o edifício Copan e o parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, além de comandar o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Novacap, responsável pela construção de Brasília.


Ao lado de urbanista Lúcio Costa, ajudou a dar forma à nova capital. De sua prancheta saíram os prédios do Congresso, dos palácios do Planalto, da Alvorada e do Itamaraty e da catedral. Inaugurada em abril de 1960, Brasília transformou a paisagem natural do Brasil central em um dos marcos da arquitetura moderna.



Niemeyer lamentava que Brasília tenha terminado dividida entre pobres e ricos, e que as favelas tenham ocupado mais lugar que a cidade projetada originalmente. Para ele, as cidades deveriam ter uma densidade demográfica limitada, e sempre contar com um cinturão verde a seu redor.

TRABALHO NA EUROPA

O arquiteto brasileiro também surpreendeu com suas criações no resto do mundo.
Trabalhou com Le Corbusier no edifício da ONU, em Nova York, e idealizou prédios como a sede do Partido Comunista na França, a Universidade de Constantino, na Argélia, e a matriz da editora Mondadori, na Itália.
Em 1947, Niemeyer fez parte da comissão de arquitetos que definiria o projeto da sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York. A proposta elaborada por Niemeyer com o franco-suíço Le Corbusier serviu de base para a construção do prédio, inaugurado em 1952.

VIDEO: OSCAR NIEMEYER E A ONU



Várias dessas obras foram concretizadas durante seu exílio na Europa, após abandonar o Brasil, em 1966, perseguido pelo regime militar. Niemeyer se mudou para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura. Lá, projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre, atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal.

RODA VIVA | OSCAR NIEMEYER | 12/07/1997



Niemeyer sempre foi um idealista. Na juventude, militou no Partido Comunista, que chegou a presidir entre 1992 e 1996, e nunca abandonou sua defesa dos pobres e dos governos de esquerda no Brasil e no resto da América Latina.
"O papel do arquiteto é lutar por um mundo melhor, onde se possa fazer uma arquitetura que sirva a todos, e não apenas a um grupo de privilegiados", disse.

RETORNO AO BRASIL

Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980. No Rio, projetou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública, apelidados de "brizolões") e o Sambódromo, durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Estado (1983-1987).
Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Pritzker - o Oscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha recebeu a honraria, em 2006. Ainda em 1988, Niemeyer elaborou o projeto do Memorial da América Latina, em São Paulo.

VIDEO: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI



Nos anos 1990 e 2000, a produção de Niemeyer continuou em alta, com a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e o Auditório Ibirapuera, dentro do parque, em São Paulo.
Em 2003, exibiu sua versão de um pavilhão de exposições na tradicional galeria londrina Serpentine - que todo ano constrói um anexo temporário.

VIDEO: CENTRO NIEMEYER EM AVILES, NA ESPANHA



Em 2007, projetou o Centro Cultural de Avilés, sua primeira obra na Espanha, construída durante três anos ao custo de R$ 100 milhões. Inaugurado em março de 2011, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer foi fechado após nove meses - no dia do aniversário de 104 anos de Niemeyer, em meio ao agravamento da crise econômica, desentendimentos entre o governo local e a administração do complexo. Em meados de 2012, no entanto, o centro foi reaberto.

VIDEO: A CIDADE ADMINISTRATIVA EM MINAS GERAIS



Mais de 60 anos após a realização do Conjunto da Pampulha, o arquiteto voltou a assinar um projeto de grande porte em Minas Gerais em 2010, com a inauguração da Cidade Administrativa do governo do Estado, na Grande Belo Horizonte.
Atualmente, em Santos, está em execução o projeto de Niemeyer para o museu Pelé. A previsão é que a obra seja concluída em dezembro de 2012.

VIDEO: OSCAR NIEMEYER 101 (legendas em inglês)



Além de Vera, com quem se casou em 2006, Niemeyer deixa quatro trinetos, 13 bisnetos e quatro netos, filhos de Anna Maria - sua única filha, morta em junho deste ano aos 82 -, fruto de seu casamento com Anita Baldo, de quem ficou viúvo em 2004.

A VIDA É UM SOPRO

”Oscar Niemeyer – A vida é um sopro” é um filme que busca (re)construir a história do maior ícone da Arquitetura Moderna Brasileira. Uma história indissociavelmente ligada às transformações do país neste último século.
No documentário, de 90 minutos, o arquiteto conta de forma descontraída como concebeu seus principais projetos. Mostra como revolucionou a Arquitetura Moderna, com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de utilização do concreto armado. Fala também sobre sua vida, seu ideal de uma sociedade mais justa e de questões metafísicas acerca do Homem.

VIDEO: “A VIDA É UM SOPRO” - Documentário completo


Produzido pela Santa Clara Comunicação e rodado em vídeo digital e 16mm no Brasil, na Argélia, França, Itália, Estados Unidos, Uruguai, Inglaterra e Portugal, “A vida é um sopro” é costurado por imagens de arquivo inéditas e raras, e por depoimentos de personalidades como os escritores José Saramago, Eduardo Galeano e Carlos Heitor Cony, o poeta Ferreira Gullar, o historiador Eric Hobsbawn, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, o ex-presidente de Portugal Mário Soares e o compositor Chico Buarque.


02 dezembro 2012

MODELO DE CABEÇA CHINESA DECAPTADA - c. 1910-1922


Este modelo de cabeça é, declaradamente, de um pirata chinês do rio Yangstze, executado por decaptação. É confeccionado em gesso pintado, e a trança longa, os cílios e as sombrancelhas, foram feitos com o implante de cabelo humano real.


É uma peça particularmente repugnante porque mostra o pescoço cortado com grande minúcia anatômica - as artérias, veias e medula espinhal, são modeladas com precisão. A cabeça também tem a sua própria caixa de transporte, manchada de sangue.


O mistério que cerca este objeto sangrento, o torna particularmente impressionante. Sua origem e o seu propósito são desconhecidos. O modelo foi feito na Inglaterra, no início do século passado, possivelmente para ser usado em uma exposição.



A pirataria era abundante na China e no sudeste da Ásia, nos séculos 19 e início dos 20. A área tem uma geografia marítima complexa e os navios de comerciantes que passavam, levando especiarias, moedas, chifres (usado para medicina) e madeiras raras, eram alvos fáceis. No entanto, as punições por pirataria foram graves, e enforcamentos e execuções eram represálias comuns.

Link externo – Science museum

20 novembro 2012

EARTH ART: ROBERT SMITHSON E A SPIRAL JETTY


‘Land Art’ é uma corrente artística iniciada no final da década de 1960, que se utiliza de espaços e recursos naturais para realizar suas obras. Seu ponto de partida está no Movimento Minimalista que surge na década de 1950, apoiado na ideia de que a arte deve existir por si mesma, livrando-se de todo e qualquer subjetivismo que possa vir a lhe impor sentido.

VIDEO: STATE OF THE ARTS - EARTHWORKS DE ROBERT SMITHSON



A ‘Earth Art’ (arte da terra) inaugura uma nova relação do fazer artístico com o ambiente natural, sendo muitas vezes designada, assim como a ‘Environmental Art’ (arte ambiental), uma vertente da ‘Land Art’. Ela utiliza a natureza como suporte e ‘locus’ onde a obra é realizada. Desertos, lagos, canyons, planícies e planaltos se apresentam como espaço físico, onde os artistas realizam intervenções em grande escala e registram seu processo (e resultados) em vídeos ou fotografias (‘earthworks’).

VIDEO: PERCURSO - SPIRAL JETTY



O trabalho de arte é concebido como fruto de relações entre espaço, tempo, luz e campo de visão do observador, e possibilita a produção de novas significações e modos de ver. Para investigar as obras, é preciso que o espectador se insira nelas, percorrendo seus caminhos e passagens. Ver com os pés.


Já o conceito de ‘earthwork’ - que se estabeleceu em 1968 na exposição “Earth Art”, organizada pela Dwan Gallery, em Nova York - tem origem no minimalismo dos anos 1960 a qual se filiam Carl Andre, Dan Flavin e Robert Morris. Atribuída a uma tradição que remonta aos ready-made de Marcel Duchamp, que desafiam os limites da arte, essa vertente minimalista da arte que produz objetos documentais coloca em xeque as distinções arte/não arte, denunciando o sistema institucional de validação dos objetos artísticos. Robert Smithson é o mais importante precursor dessa estratégia vivencial e artística.

ROBERT SMITHSON


Pintor e escultor norte-americano, Robert Smithson (1938 - 1973) é um dos nomes mais relevantes e intrigantes da história da arte do século 20 por explorar diferentes gêneros e mídias. Nascido em Passaic, em Nova Jersey, estudou no ‘Art Students League’ em Nova York. Seus projetos saíram dos museus e das galerias de arte, propondo outro modo de relacionar a arte com o espaço físico no contexto da chamada ‘Earth Art’.

VIDEO: O ESPAÇO EXPOSITIVO POR MARCOS HILL



Mais conhecido por seus ‘earthworks’ e pela atuação em paisagens remotas, Smithson teve sua trajetória marcada pela investigação da linguagem. Desmistificando a distinção entre teoria e prática, e abordando a noção de estética como dimensão do espaço e do tempo, suas ideias de causaram um grande impacto no pensamento artístico contemporâneo.


Na década de 1960 produziu a maior parte de seus trabalhos considerados minimalistas. Voltou-se para a Land Art no final da mesma década. Sua principal obra de Land Art foi Spial Jetty, de 1970, feito no grande lago salgado de Utah.

PRIMEIROS TRABALHOS

As primeiras obras expostas de Robert Smithson foram trabalhos de colagem, influenciados pelo desenho homoerótico, feito com recortes de revistas ‘beefcake’, de ficção científica e do início da Pop Art. Em seguida, até meados da década de 60, executou uma série de pinturas associadas ao movimento do Expressionismo Abstrato, mas depois de um descanso de três anos do mundo da arte, retornou em 1964 inserido no movimento emergente da arte conceitual minimalista.


Em seu novo trabalho, Smithson começou a utilizar folhas de vidro e tubos de iluminação de neon para explorar a refração visual e o espelhamento, particularmente na escultura “Enantiomorphic Chambers”. Estruturas cristalinas e o conceito de entropia tornaram-se um interesse particular para ele.
Nesta época Smithson se associou com artistas identificados com o minimalismo e, em 1966, participou na exposição "Estruturas Primárias", em conjunto com Nancy Holt (com quem se casou), Robert Morris e LeWitt Sol.

MATURIDADE

Em Setembro de 1967, Robert Smithson começou a explorar áreas industriais em torno de Nova Jersey – com uma máquina fotográfica nas mãos iniciou uma viagem por Passaic, sua cidade natal, que havia sido convertida num subúrbio deprimente de Nova Jersey. Ele ficou fascinado pela visão dos caminhões de terraplanagem escavando toneladas de terra e rocha, que depois descreveu em um ensaio como os equivalentes aos monumentos da antiguidade.




As imagens e os textos resultantes desse exercício revelaram a percepção de uma paisagem desolada, mas com grande capacidade de evocação. A viagem de Smithson interpretava assim, esteticamente, as instalações industriais devastadas como ruínas capazes de alcançar a imortalidade do monumento, assumindo aí a memória e a dignidade de uma paisagem industrial esquecida e entrópica.


Na prática artística isto resultou em uma série de trabalhos 'non-site' (earthworks) em que a terra e as rochas coletadas de uma área específica eram instaladas na galeria como esculturas, muitas vezes combinadas com espelhos ou vidro. Os trabalhos que realiza neste período assumem o caráter de topografias ou geologias artificiais e integram frequentemente as qualidades físicas e os acidentes naturais dos lugares onde se inserem, sendo em grande parte realizados para serem observados do ar.


Com o trabalho ‘The Monuments of Passaic’ (1967) inaugurou-se uma nova maneira de entender o pitoresco e a paisagem, desenhando uma mudança substancial na tradição paisagística norte-americana (o Tratado Pitoresco), pois o sentido crítico sobre a desolação visual inspirou Smithson a assumir o potencial simbólico e o significado da grande reificação da natureza (orgânica e cultural). "A única solução - dirá Smithson - é aceitar a situação entrópica e aprender a reincorporar mais ou menos essas coisas que parecem ser feias".


Este foi o primeiro trabalho que abordou diretamente a noção de lugar como processo de desestruturação, relacionado com a erosão e a degradação industrial. Por outro lado, aí nascia a ideia de produzir arte a partir de uma nova espécie de readymade: a terra, enquanto lugar em constante transformação.


A partir de então, rapidamente Smithson confrontou-se com a limitação e saturação criativa, determinadas pelo espaço expositivo tradicional das galerias e buscou transportar a ação e a experiência artísticas para a natureza. Então ele elege territórios remotos como suporte para um trabalho em que emprega exclusivamente materiais naturais, e amplia a dimensão dos objetos para a escala da paisagem, tornando-se um dos principais representantes da ‘Land Art’ nos Estados Unidos.




Em setembro de 1968, Smithson publicou o ensaio "Uma sedimentação da mente: Projetos da Terra", na revista ‘Artforum’, que promoveu o trabalho da primeira onda de artistas da ‘Land Art’. Em seguida começou a produzir obras de ‘Land Art’ para explorar mais fundo, os conceitos adquiridos com suas leituras de William S. Burroughs, JG Ballard, e George Kubler.

VIDEO - ASPHALT RUNDOWN



Em 1969, Smithson realizou “Asphalt Rundown” (Asfalto Derramado), onde descarrega um caminhão de asfalto morro abaixo, em uma área bastante erodida de uma pedreira de cascalho, abandonada nas proximidades de Roma, na Itália.
Enquanto o asfalto fluía morro abaixo, se fundia com a terra, preenchendo as marcas do processo de erosão, chamando a atenção para as conseqüências estéticas causadas por certos tipos de poluição industrial.
Com isso, o artista alterava a percepção estética de algo natural, transformando-os em parte de uma obra artística.


Em 1970, na Kent State University, Smithson criou ‘Partially Buried Woodshed’ (Depósito de Madeira Parcialmente Enterrado) para ilustrar o tempo geológico consumindo a história humana. Também, data desta época sua obra mais famosa, a Spiral Jetty (1970), uma instalação localizada no deserto de Utah.



SPIRAL JETTY

Esta gigantesca intervenção artística se tornou, rapidamente, uma das obras mais representativas do movimento ‘Land Art’, sendo reproduzida em inúmeros livros de arte como uma referência artística internacional.


Localizada no deserto de Utah, a Spiral Jetty foi concebida a partir de materiais extraídos da natureza, como rochas, terra, cristais de sal e a água do próprio lago. Sua construção utilizou cerca de 10.000 toneladas de blocos de basalto negro, que foram movimentados por potentes máquinas.

VIDEO: ROBERT SMITHSON "SPIRAL JETTY EXCERPTS" [1970]



A obra inicia seu desenvolvimento na orla do Grande Lago Salgado e penetrando nele, cria um píer em forma de espiral, que se estende por 460 metros no sentido anti-horário, deixando entre as linhas de pedra um duplo corredor na areia.
A preferência de Smithson por formas básicas com caráter fortemente simbólico encontra-se patente nesta intervenção, que é assumida como um enorme símbolo arcaico (referente às culturas pré-históricas) na vasta paisagem, questionando a relação entre produção cultural e natureza.

VIDEO: VISTA AÉREA DA SPIRAL JETTY



A Land Art adotou a natureza como matéria prima e suporte para obras monumentais. Desta forma garantiu que elas nunca fossem absorvidas por museus e galerias. Entretanto, toda obra de Land Art está fortemente submetida aos agentes climáticos, e seu caráter efêmero é previsto pelos artistas realizadores que desde o início já sabem que a duração do trabalho será limitada.

VIDEO: SPIN AROUND SPIRAL JETTY



Neste sentido, a obra matricial da Land Art, ‘Spiral Jetty’, entra na rota da discussão sob a preservação de obras contemporâneas. O caso é particularmente complicado.
Depois de sua construção ‘Spiral Jetty’ foi coberta pela água e ficou submersa durante cerca de três décadas. Com a seca de 1999 emergiu novamente, se mostrando muito mudada já que os sais da água tinham branquedado a negrura do material e o lodo se acumulado entre as gretas, tornando-a visualmente menos abrupta na superfície. A água do lago pode ficar rosada devido a altas concentrações de β-caroteno na alga verde halófita ‘Dunaliella salina’.




A soma destes acontecimentos acionou o departamento de conservação da DIA Art Foundation - http://www.diaart.org/sites/main/59 - que detém os direitos da obra. A bordo de um balão, uma equipe documentou o estado dela, marcando o início de uma ação para preservar a grande plataforma em espiral que avança sobre as águas. Como e onde intervir é uma questão delicada. O próprio Smithson era bastante permeável a transformações impostas pela natureza. É dele a frase: “Nature does not proceed in a straight line. It is rather a sprawling development. Nature is never finished.”


Então, no mesmo ano – 1999 – a obra acabou por ser reabilitada e teve a sua força expressiva inicial restituída. Mesmo assim, uma constante ameaça vem rondando a Spiral Jetty: a do turismo desavisado, que insiste em carregar pedaços do trabalho como souvenir e, mais recentemente, o projeto de instalação de uma empresa petrolífera na área.


Robert Smithson cominhando com Richard Serra na Spiral Jetty

Localização por satélite da Spiral Jetty de Robert Smithson – http://www.gmapsbrasil.com/mapa/162825/spiral-jetty-by-robert-smithson  

ENSAIOS E RESENHAS

Bem como as obras de arte, Smithson produziu uma boa quantidade de escrita teórica e crítica, incluindo o trabalho em papel “A Heap of Language”, onde procurou mostrar como a escrita pode se tornar uma obra de arte.
Como escritor, Smithson estava interessado em aplicar uma impessoalidade matemática à arte, que ele delineou em ensaios e resenhas para as revista ‘Arts Magazine’ e ‘Artforum’ e, por um período de tempo, ficou mais conhecido como um crítico do que como artista.


Em seu ensaio "Incidents of Mirror-Travel in the Yucatan" Smithson documentou uma série de esculturas temporárias, feitas com espelhos, em locações específicas - como o entorno da península de Yucatán.
Parte registro de viajem, parte ruminação crítica, o artigo destacava a preocupação de Smithson com a temporalidade como a pedra angular de seu trabalho. Este interesse é explorado em seus escritos, em parte, através da recuperação das idéias de ‘pitoresco’.



‘SITES’ E ‘NON-SITES’
Outros escritos teóricos de Smithson exploram a relação de uma obra de arte com o ambiente, a partir do qual ele desenvolveu seu conceito de ‘site’ e ‘non-site’, onde o ‘site’ seria um trabalho localizado num local específico – um terreno ao ar livre, e o ‘non-site’ seria um trabalho que pode ser exibido em qualquer espaço adequado - uma galeria de arte ou um museu.


A Spiral Jetty é um exemplo de trabalho em ‘site’, enquanto suas obras ‘non-site’ se constituíam de fotografias de uma locação em particular, muitas vezes expostos ao lado de alguns materiais (tais como pedras ou solo) removidas a partir desse local.
As viagens que ele empreendeu foram fundamentais para sua prática como um artista, e suas esculturas ‘non-site’ (earthworks) muitas vezes incluíam mapas e fotos aéreas de uma determinada locação, bem como os artefatos geológicos deslocadas a partir desses terrenos.

CENTRAL PARK

Alguns dos escritos tardios de Smithson recuperaram as concepções de arquitetura da paisagem dos séculos 18 e 19, que exploravam a terraplenagem, e que caracterizaram seu trabalho posterior.
Seu ensaio "Frederick Law Olmsted and the Dialectical Landscape" foi escrito em 1973, depois de Smithson visitar a exposição “Frederick Law Olmsted’s New York”. Curada por Elizabeth Barlow Rogers no Whitney Museum, a mostra exibia os projetos e a documentação para a criação do Central Park no final do século 19. Ali Smithson enxergou o contexto cultural e temporal para a criação do projeto.


Ao analisar as fotografias da terra retirada para se tornar Central Park, Smithson viu a paisagem árida que havia sido degradada por seres humanos antes de Olmsted ter construído a paisagem "naturalista" do complexo, e que era visceralmente aparente para os nova-iorquinos na década de 1970.
Smithson estava interessado em desafiar a concepção predominante do Central Park, como uma estética ‘pitoresca’ do século 19, como uma arquitetura da paisagem desatualizada e estática dentro de um tecido urbano em constante evolução, como o da cidade de Nova York.


Ao estudar os escritos do século 18 e 19 dos escritores do’ Tratado Pitoresco’ - Gilpin, Price, Knight e Whately -, Smithson recuperou questões de especificidade local e da intervenção humana como camadas da dialética da paisagem, multiplicidade experiencial, e do valor das deformações manifestas na paisagem ‘pitoresca’.
Para Smithson, um parque existe como "um processo de relações permanentes existentes em uma região física". Ele estava interessado no Central Park como uma paisagem que tinha resistido e crescido como criação de Olmsted, mas com novas camadas de evidências da intervenção humana.


Para ver esta imagem em alta resolução clique com o botão direito do mouse e selecione ‘abrir link em uma nova janela’

Enquanto Smithson não encontrou "beleza" na evidência de abuso e negligência, ele fez ver o estado das coisas como o demonstrativo da continua transformação das relações entre o homem e a paisagem. Em sua proposta do fazer artístico, Smithson procura se inserir na evolução dinâmica do parque e se interessa particularmente pela noção de deformidades dentro do espectro da dinâmica de relações anti-estéticas, presente na paisagem pitoresca.
Ele afirmou, "os melhores terrenos para a ‘arte da terra’ são as áreas que têm sido corrompidas pela indústria, urbanização imprudente, ou devastação da própria natureza."


Enquanto as interpretações formais de pastoral e de sublime, no início do século 18, considerava a deformação do solo como uma "ferida no chão" que deveria ser suavizada e retornar a um contorno estético mais agradável, para Smithson importava mais a cicatriz temporal, trabalhada pela intervenção natural ou humana.
Revisitando os tratados do ‘Pitoresco’, que Olmsted interpretou em sua prática, Smithson expôs o viés de uma lógica anti-estética, anti-formalista e um quadro teórico do ‘Pitoresco’ que abordava a dialética entre a paisagem física e seu contexto temporal.

VIDEO: CENTRAL PARK VIDEO TOUR



Reinterpretando e revalorizando estes tratados, Smithson foi capaz de ampliar o contexto temporal e intelectual ao seu próprio trabalho, e oferecer um significado renovado para o Central Park como uma importante obra de arte moderna e de arquitetura da paisagem.

ÚLTIMOS TRABALHOS


Depois de ‘Spiral Jetty’, Robert Smithson executou outros trabalhos, com caráter e preocupações estéticas semelhantes. Em 1971 ele criou ‘Broken circle/Spiral Hill’ para a exposição no festival de arte Sonsbeek'71, realizado num território próximo da povoação de Emmen, na Holanda. O tema da exposição foi ‘Além da Lei e da Ordem’ (Beyond Lawn and Order’/ em Holandês: Buiten de perken).

VIDEO: BROKEN CIRCLE/SPIRAL HILL (em holandês)



Em 20 de julho de 1973 Smithson morreu em Amarillo, no Texas, em consequência dum desastre aéreo, enquanto inspecionava "Amarillo Ramp", o seu último trabalho. Apesar de sua morte prematura, e a relativa sobrevivência de poucas grandes obras, Smithson tem sido uma referência entre os muitos artistas contemporâneos.

Nos últimos anos, Tacita Dean, Sam Durant, Lee Ranaldo, Vik Muniz, Mike Nelson e a Bruce High Quality Foundation, homenagearam suas obras.




02 novembro 2012

TRANSPORTE SUSTENTÁVEL: LIT C1 = CARRO + MOTO


A empresa californiana Lit Motors quer revolucionar o mercado dos transportes sustentáveis, a partir de 2014, quando deve lançar o Lit C1 (Concept 1) - um protótipo 100% elétrico que mescla características de moto e carro - combinando o tamanho de uma motocicleta com a segurança e o conforto de um automóvel.
Com o lançamento, a empresa pretende minimizar os efeitos da falta de espaço e segurança das grandes cidades, assim como contribuir para a redução dos níveis de poluição no planeta.


O modelo de duas rodas, com tração integral, é com¬ple¬ta¬mente fechado, pos¬sui um meca¬nismo de equi¬lí¬brio em que o con¬du¬tor não colo¬ca os pés no chão, e incorpora uma série de itens de segurança e conectividade. Tudo isto resulta em um veículo prático como uma sco¬o¬ter e seguro como um carro, que parece ser uma das solu¬ções para o futuro.


Segundo a fabricante, um dos grandes destaques do Lit C1 é um incrível sistema de estabilidade que aumenta a segurança, evitando que o veículo tombe. O motociclo é estabilizado através de um sistema de giroscópio computorizado, do mesmo tipo utilizado no telescópio espacial Hubble.

FUTURE360.TV: LIT MOTORS C1



Em função de dois discos estabilizadores o veículo permanece na posição vertical mesmo parado, sem qualquer tipo de apoio. Na parte inferior do quadro são instalados dois “volantes” grandes, que quando colocados em rotação - produzindo cerca de 1760 Nw/m de torque - mantêm o veículo sempre equilibrado. A centralina do C-1 considera fatores como o ângulo de viragem e outros parâmetros para alinhar esses discos e manter o equilíbrio.


Além disso, o Lit C1 é movido por dois motores elétricos de 40 Kw cada, instalados nos próprios cubos das rodas, que desempenham a função de propulsão e regeneração, levando o C1 alcançar a velocidade máxima de 200 Km/h e uma autonomia em estrada que pode chegar aos 320 Km.


O design não poupa a utilização de vidros, uma vez que se pretende uma ampla visibilidade para as manobras no trânsito. O formato de casulo é projetado para otimizar o funcionamento do giroscópio e ampliar as condições do nível de segurança: os painéis laterais reforçados deverão ser capazes de lidar com um impacto lateral de outro veículo. Uma das particularidades do C1 é a iluminação dos motores eléctricos que fazem este veículo mover-se.

BBC: A MOTORCYCLE THAT CAN CHANGE THE INDUSTRY



A Lit Motors dispensou uma atenção especial para o conforto, projetando espaço em abundância para duas pessoas. Outro ponto interessante é a possibilidade de conexão por Internet através de smartphones, fazendo com que seja possível "dialogar" com o veículo à distância.




A empresa intitula o C1 de “smartphone rolante estabilizado por giroscópios”, devido à sua conexão com a rede, que disponibiliza dentro do veículo informações como mapas, trânsito, caminhos alternativos e meteorologia.


O resultado é um veículo com estilo e eficiente, com um preço interessante. Em entrevista ao site AutoblogGreen, Daniel Kim - CEO da Lit Motors afirmou que se a empresa produzir cerca de 10000 unidades, o veículo poderia custar 16.000 dólares.

LOS ANGELES TIMES: LIT MOTORS' C-1: A 2-WHEEL CAR? OR UNTIPPABLE MOTORCYCLE?



SEGWAY

Um veículo de duas rodas que consegue equilibrar-se sozinho já foi conseguido com o Segway, apresentado nos Estados Unidos no final de 2001. O Segway é um meio de transporte pessoal com duas rodas paralelas, inventado pelo americano Dean Kamen.

HOW DOES A SEGWAY WORK?



Sua tecnologia consiste numa rede inteligente de sensores, micro-giroscópios e acelerômetros que analisam o terreno e a posição do condutor, permitindo o auto-equilíbrio e o deslocamento.
Mas o Lit C1 é diferente no formato. Tem uma disposição de rodas faz lembrar uma moto e a estrutura fechada como um carro.