05 março 2012
EDDIE ADAMS: PULITZER PRIZE DE 1969
A fotografia ‘The Execution’, tirada em 1º de fevereiro de 1968, é uma das imagens de guerra mais famosas de todos os tempos e está incluída na lista das 15 fotografias históricas mais incríveis. Nela, durante a guerra do Vietnam (1959-1975), acontece uma execução sumária em frente a uma câmera da NBC e do fotografo da Associated Press - Eddie Adams.
Durante sua carreira, Adams (1933-2004) cobriu 13 guerras e passeou pelos mundos da política, da moda e do espetáculo. Em 45 anos de trabalho conquistou cerca de 500 prêmios de fotojornalismo, mas o reconhecimento surgiu com esta fotografia, com a qual recebeu o Pulitzer Prize for Spot News Photography, em 1969.
O filme e a foto tornaram-se as imagens mais famosas da Guerra do Vietnam e ajudaram a mudar a posição da opinião pública sobre a guerra.
VÍDEO: A EXECUÇÃO
Quando a mídia de massa divulgou a foto ao redor o mundo, ela foi vista como um ato de selvageria e simbolizou uma guerra injustificada. A imagem, principalmente devido a feição desesperada no rosto do prisioneiro, foi usada como propaganda contra a ofensiva militar norte-americana e sul-vietnamita.
Mas a maioria dos que têm visto esta fotografia, não está ciente de toda a história por trás dela.
VIDEO: BREVE DOCUMENTÁRIO
O homem com a arma, executando um prisioneiro, é o comandante da polícia nacional sul-vietnamita, General Nguyen Ngoc Loan. Antes da execução, foi relatado que o prisioneiro - Nguyen Van Lém - tinha sido o capitão de um esquadrão terrorista que matou friamente 34 pessoas, incluindo um dos comandantes adjuntos de Loan e toda a sua família - a mulher e seis filhos. Por isso foi julgado e morto sumariamente.
Depois de atirar no prisioneiro, o general foi até um repórter e disse: "Esses caras mataram muitos do nosso povo, e eu acho que Buda vai me perdoar."
Três meses após a foto ser tirada, o General Loan foi gravemente ferido e seria levado à Austrália para o tratamento, mas houve tanto tumulto contra essa decisão, que ele teve de ser transferido para o Walter Reed Army Medical Center, em Washington DC.
Durante a queda de Saigon, em 1975, Loan pediu a ajuda americana para fugir com sua família, mas foi ignorado e tiveram de escapar em um avião sul-vietnamita.
O general, cuja perna direita havia sido amputada, instalou-se no norte da Virgínia, onde abriu uma pizzaria, mas foi forçado a se aposentar quando sua identidade foi divulgada publicamente. Eddie Adams continuou em contato com Loan e lembrou que em sua última visita à pizzaria, tinha visto escrito na parede de um banheiro “We know who you are, fucker” (Nós sabemos quem você é, seu sacana).
Adams só tomou ciência das motivações da execução em 1985, e o General Nguyen Ngoc Loan entrou para a história, por causa dessa foto, como um símbolo vil da crueldade da Guerra do Vietnã. Mais tarde, o fotógrafo pediu desculpa ao general e à família.
VIDEO: COMENTÁRIOS DE EDDIE ADAMS
A polêmica criada em torno desta fotografia abriu um capítulo inteiro no mundo do fotojornalismo: “uma imagem vale mil palavras.”
Em uma entrevista à revista Time Adams disse: "O general matou o Viet Cong; eu matei o general com a minha câmera. As fotografias, silenciosas e profundas, são a arma mais poderosa do mundo. As pessoas acreditam nelas, mas as fotografias mentem, mesmo sem manipulação. Elas são apenas meias-verdades. O que esta fotografia não disse foi: “O que você faria se você fosse o general naquele tempo e lugar, naquele dia quente, e você pegou o cara, reconhecidamente ruim, depois que ele acabou com um, dois ou três soldados norte-americanos?"
Quando o General Loan morreu de câncer, em 1998, Adams o elogiou e enviou flores com um cartão que dizia: "Sinto muito. Há lágrimas em meus olhos."
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Um comentário:
As fotojornalisticas podem sim, dizerem meias verdades. Se todas as pessoas que viram e julgaram aquela foto em que o General Loan executara aquele aparente prisioneiro de guerra, soubessem quem era ele realmente, não teriam ficado felizes ou de certa forma, "comemorado" a morte de um General (vil) quando o mesmo faleceu em 98.
Excelente artigo, Hermanny.
Obrigada.
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