A discussão em torno dos alimentos transgênicos e outros organismos geneticamente modificados há muito saiu do âmbito acadêmico e chegou à sociedade. Também na arte a transgenia ganhou lugar, ocupando o imaginário e a criatividade de artistas. Nesse campo, o brasileiro Eduardo Kac– atualmente professor e chefe do departamento de arte e tecnologia de School of the Art Institute of Chicago (Estados Unidos) – destaca-se entre os bioartistas da atualidade, habitando a zona confluente entre arte, ciência e tecnologia.
EDUARDO KAC: LIVING WORKS
Em seu site, Eduardo Kac propõe que a arte transgênica é uma nova forma de arte baseada no uso de técnicas da engenharia genética para criar seres vivos únicos. A natureza desta nova arte é definida não somente pelo nascimento e crescimento de uma nova planta ou animal, mas acima de tudo pela relação entre artista, público, e organismo transgênico. Organismos criados no contexto da arte transgênica podem ser levados para casa pelo público para ser criados no jardim ou como companheiros em relação dialógica com os humanos.
Ainda, Kac esclarece que existe uma clara distinção entre criação de raças e engenharia genética. Criadores são incapazes de ativar ou desativar genes com precisão ou de criar seres híbridos que combinem material genético de animais distintos. Nesse sentido, uma qualidade única da arte transgênica é que o material genético é manipulado diretamente: o DNA externo é integrado precisamente no genoma do hospedeiro.
Além da transferência genética de genes existentes de uma espécie para outra, pode-se falar também de “genes de artistas”, ou seja, genes quiméricos ou informação genética nova criada completamente por artistas através das bases complementares A (adenina) e T (timina) ou C (citosina) e G (guanina). O artista se torna literalmente um programador genético que pode criar formas de vida escrevendo ou alterando uma dada seqüência.
THE SCIENCE OF TRANSGENIC TECHNOLOGY
PARTE 1
PARTE 2
Mas segundo Kac, as pesquisas e estratégias de marketing têm colocado os lucros acima das preocupações com a ética. Desde 1980, o Gabinete de Patentes e Marcas Comerciais dos Estados Unidos (U.S. Patent and Trademark Office - PTO) concedeu diversas patentes de animais transgênicos. Isto coloca em foco assuntos relevantes como a integração doméstica e social de animais transgênicos e o conceito de “normalidade” através de teste e tratamento genéticos. Cria também um contexto crítico no qual se examina e questiona o reducionismo e a eugenia (ciência que se ocupa com o estudo e cultivo de condições que tendem a melhorar as qualidades de gerações futuras).
ROYAL ASHERA
A Lifestyle Pets, empresa de genética pet, desenvolveu o Ashera, uma mistura resultante dos felinos Serval, Leopardo Asiático e o gato doméstico. Ele custa em média US$ 22.000,00 podendo chegar a US$ 125.000,00.
Segundo o "fabricante" da espécie, os cuidados reservados a ele não diferem muito daqueles destinados aos gatos domésticos. Apesar de ser bem maior, o Ashera se dá bem com a mesma ração, no mesmo ambiente.
Ainda, pagando um adicional de US$ 6.000,00 não é necessário se submeter ao tempo de espera entre 9 e 12 meses. O felino é entregue em casa, vacinado, microchipado, castrado, com um ano de plano de saúde, dentre outras garantias que asseguram a sua qualidade. Durante dez anos, o dono terá direito a consultar-se com um especialista em comportamento animal, caso o animal começe a exibir um comportamento que venha a diferir dos gatos convencionais.
A Lifestyle Pets é a mesma empresa que desenvolveu o Allerca (a partir de US$ 6.950,00), um gato geneticamente selecionado que não provoca alergia, ideal pra pessoas que sofrem com a rinite alérgica. Os animais, que não produzem a proteína responsável por disparar reações alérgicas em humanos, a Fel d1 (presente na pele, nos pêlos, na saliva e na urina dos animais}, estão à venda no site da empresa. A lista de espera para levar um filhote antialérgico para casa é extensa. Desde 2004 a empresa recebe pedidos.
Um terceiro produto vem aí, prometido para 2009: a versão canina do Allerca, o Jabari GD, a ser vendida por módicos US$ 15.000.
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2 comentários:
A manipulação genética de animais como Alaba, a coelha que pode emitir luz, remete meus pensamentos para um momento da Biblia, Gêneses, onde, uma das primeiras coisas que Deus cria é a luz. Me pergunto a luz da coelhinha, criada pelos cientistas, pode ser vista como algo sagrado ou profano....
Estão privatizando a vida, não acho legal isso ... é um tanto bizarra a ideia de patentear genes.
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