22 julho 2008

CRISE DE IDENTIDADE NA INTERNET

A geração de usuários da internet, nascida na década de 90, pode estar crescendo com uma visão perigosa a respeito do mundo e da sua própria identidade, sugere o psicanalista inglês Himanshu Tyagi. A principal causa deste problema seria a socialização através dos sites de relacionamento.

"É um mundo onde tudo se move depressa e muda o tempo todo, onde as relações são rapidamente descartadas pelo clique do mouse, onde se pode deletar o perfil que você não gosta e trocá-lo por uma identidade mais aceitável no piscar dos olhos", disse Tyagi durante o encontro anual do Royal College of Psychiatrists, uma das principais agremiações de psiquiatras do Reino Unido e da Irlanda.
Segundo o professor, além dos sites de relacionamento, as salas de bate papo virtuais também podem influenciar problemas de comportamento como a timidez, o anonimato e a falta de experiência sensorial das conversas nestes ambientes virtuais, poderia alterar a percepção de interatividade e criar uma visão alterada sobre a natureza dos relacionamentos.
“A nova geração, que cresceu em paralelo ao avanço da internet, está atribuindo um valor completamente diferente para as relações e amizades, algo que estamos fracassando em observar”, afirmou Tyagi.
Também o psiquiatra ressaltou alguns benefícios dos sites de relacionamento.
Segundo ele, essas redes oferecem um status social mais equilibrado, onde raça e gênero são menos importantes e as hierarquias são dispersas, e destacou que a quebra das barreiras geográficas permite acesso a relacionamentos e a apoio de amigos virtuais.
As afirmações de Tyagi, entretanto, foram contestadas por especialistas da área.
Graham Jones, psiquiatra especializado no estudo do impacto da internet, reconhece que existe o risco de que uma freqüência exagerada de sites de relacionamento possa levar a problemas de comportamento. Mas ele acha que esses riscos foram exagerados por Tyagi.
“Pela minha experiência, pessoas que tendem a ser mais ativas, nos sites como o Facebook ou Bebo, são aquelas que já são mais socialmente ativas de qualquer forma – é apenas uma extensão do que eles já fazem”, concluiu o psiquiatra.
LINKS EXTERNOS
Royal College of Psychiatrists (em inglês)
Graham Jones (em inglês)

MITO
Um estudo encomendado pela Biblioteca Britânica (British Library) desfaz o que chama de "mitos sobre a geração Google", e diz que suposta capacidade das gerações mais jovens de buscar informações através dos novos recursos tecnológicos seria "supervalorizada".

Segundo o estudo da University College of London, que tenta esclarecer como as novas tecnologias afetarão o futuro das bibliotecas, entre as crenças que os pesquisadores chamam de "mitos", está a de que as novas gerações são mais eficientes que as anteriores em obter informações na internet. "Este é um mito perigoso. Alfabetização digital e alfabetização informativa não caminham de mãos dadas", diz o estudo, segundo o qual, muitos jovens não são capazes de filtrar o imenso arsenal de dados da rede.
A preferência por textos resumidos e buscas por palavra é "uma norma para todos". "A sociedade (como um todo) está se emburrecendo", diagnostica o estudo. Nem mesmo a crença de que as pessoas mais jovens passam mais tempo online que as pessoas mais velhas, se sustenta, dizem os pesquisadores.
Por outro lado, o estudo confirmou que a "geração Google" é afeita à prática de "copiar e colar" informações para suas pesquisas, e prefere plataformas interativas de informação que o consumo passivo delas.
O estudo deixou em aberto a hipótese de que os jovens sejam mais capazes que seus pais de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo. "A questão mais ampla é saber se habilidades seqüenciais, necessárias para a leitura, também estão sendo desenvolvidas."
LINKS EXTERNOS
Estudo (em inglês)
Comitê Britânico sobre tecnologia da informação (em inglês)

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