19 agosto 2011

BALLET MÉCANIQUE



O ‘BALLET MÉCANIQUE’ DE FERNAND LÉGER

Fernand Léger (1881-1995) foi um destacado pintor cubista e seus quadros refletem sua formação em arquitetura, assim como o fascínio pela civilização industrial do séc. XX. Léger devotou toda a sua vida ao estudo das formas das máquinas e dos objetos técnicos, acreditando sempre no poder de transformação da arte e na sua importância para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária, baseada no progresso técnico e científico.


Inspirado pelo estilo trágico-cômico das primeiras imagens cinematográficas de Charles Chaplin, Léger decidiu transpor para o cinema os seus princípios estéticos e o seu otimismo ideológico. O resultado foi o curta-metragem experimental ‘Ballet Mécanique’ (1924), um dos mais antigos e importantes filmes abstratos, que se tornou um exemplo clássico da utilização de objetos do cotidiano a serviço da abstração formal.

No ensaio «A New Realism: the Object (its Plastic and Cinematic Graphic Value)», publicado em 1926, Léger manifestou a intenção de centrar sua atenção nos objetos do cotidiano, como um cachimbo, uma cadeira, uma máquina de escrever ou um chapéu, relegando as noções tradicionais da narrativa cinematográfica para o segundo plano.

Ao descobrir e mostrar as afinidades entre o movimento e a dinâmica das formas, ‘Ballet Mécanique’ separa a estética dos objetos da função subordinada à sua criação. Esta separação libertou Léger para explorar e desenvolver inovações plásticas abstratas em torno dos objetos comuns.

BALLET MECANIQUE (1924): 1ª VERSÃO, MUDA (aqui com fundo musical aleatório)



O ‘Ballet Mécanique’ é um curta inventivo, não-narrativo, constituído por mais de trezentas cenas, em que o recurso do ballet surge associado à performance humana. Uma sucessão atordoante de imagens desfila diante do espectador, em sincronia com a música criada por George Antheil: muitas formas e composições em constante movimento e transformação criam uma complexa metáfora cinematográfica onde homem e máquina se fundem. Recorrentes também são os segmentos com séries de movimentos que se repetem, um dos primeiros exemplos de ‘loop-printing’, uma técnica que se tornou comum no cinema experimental dos anos 60.

O ‘BALLET MÉCANIQUE’ DE GEORGE ANTHEIL

Georg Carl Johann Antheil (1900 –1959) foi um compositor, pianista, escritor e inventor norte-americano.
A partir de 1916, passou a estudar piano com Constantine Von Sternberg, e depois com Ernest Bloch, com quem recebeu instrução formal em composição.


Em 1922, Antheil foi convidado por Martin H. Hanson a substituir Leo Ornstein, machucado, em uma turnê europeia tocando Chopin. Na mesma época, Sternberg apresentou Antheil a seu patrono pelas próximas duas décadas: Mary Louise Curtis Bok, fundadora do Instituto Curtis de Música. Em 1923, casou-se com Böski Markus e se mudou para Paris. Por lá, encontrou diversos colegas influentes, incluindo Ígor Stravinski, James Joyce e Ernest Hemingway.

BALLET MECANIQUE: VERSÃO SONORIZADA DE 1926



De 1924, vem sua obra mais conhecida, o balé ‘Ballet Mécanique’. Estreando em Paris, em 1926, a composição foi originalmente concebida como um acompanhamento musical para o filme homônimo de Dudley Murphy e Fernand Léger.
O compositor continuou em atividade até sofrer um ataque cardíaco fulminante, morrendo em Nova Iorque.

VÍDEO: VERSÃO ROBÓTICA PARA 16 PIANOS E ORQUESTRA DE PERCUSSÃO PARA O ‘BALLET MECANIQUE’, EM SUA ESTRÉIA NA THE NATIONAL GALLERY OF ART.

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