13 junho 2013

“OCEAN CLEANUP ARRAY”: ESTUDANTE DE 19 ANOS CRIA UMA MÁQUINA PARA LIMPAR O PLÁSTICO DOS OCEANOS



Milhões de toneladas de detritos de plástico estão poluindo os oceanos de forma definitiva. Os resíduos atingem os mares por terra, principalmente através de rios e canais e, em seguida, se acumulam em cinco áreas espalhadas pelos oceanos, chamadas ‘giro’ - local onde as correntes oceânicas circulam mais lentamente devido aos poucos ventos e aos sistemas de pressão extremamente altos, que estariam ‘segurando o lixo’ e criando um acúmulo de plástico, apelidado de 'Garbage Patches'.

VIDEO: SOPA PLÁSTICA, O LIXÃO DO OCEANO PACÍFICO (GLOBO - FANTÁSTICO)



O problema não só a questão da exterminação direta de centenas de milhares ou mesmo milhões de animais aquáticos anualmente, mas principalmente porque o plástico serve como um meio de transporte para poluentes (incluindo PCB e DDT), e a sua contaminação pode se espalhar por algas nocivas e outras espécies invasivas, acumulando-se na cadeia alimentar.



A poluição por plástico custa, para o governo, empresas e indivíduos, milhões de dólares em prejuízos por ano, devido à perda do turismo, aos danos com transportes marítimos e na limpeza (ineficiente) das praias. A solução definitiva para esta mazela é clara: parar de consumir itens com embalagens descartáveis de plástico, gerir adequadamente a emissão mundial de resíduos no mar, e nos conscientizar dos problemas que o lixo cria. E isso requer mudanças dramáticas na legislação, em todos os níveis.



No entanto, mesmo assim é preciso retirar o que já está nos oceanos, e para isto vamos precisar de uma combinação de ambos os mundos (conscientização e legislação) muito em breve.

VIDEO: CAPITÃO CHARLES MOORE FALA SOBRE OS OCEANOS DE PLÁSTICO



“OCEAN CLEANUP ARRAY”

Em 2011, juntamente com o amigo Tan Nguyen, o holandês Boyan Slat, estudante de engenharia, começou a escrever sua dissertação final no último ano do ensino secundário, pesquisando a possibilidade de remediar as ‘manchas’ de lixo oceânico espalhadas pelo planeta.



Investindo mais de 500 horas de trabalho (em vez das 80 horas necessárias), o estudo ganhou vários prêmios, incluindo o de ‘Melhor Desenho Técnico de 2012’ na Delft University of Technology. Boyan continuou o desenvolvimento do seu conceito durante o verão de 2012, e o revelou, alguns meses mais tarde, no TEDxDelft 2012.

VIDEO: BOYAN SLAT EXPLICA SEU INVENTO (ative a legenda)



Boyan Slat desenvolveu o projeto de uma máquina chamada “Ocean Cleanup Array”, que atuaria como um gigantesco filtro com capacidade de retirar mais de 7 milhões de toneladas de plástico flutuante dos oceanos, em um período de 5 anos por giro, eliminando inclusive a área mais atingida, conhecida como "Giro do Pacífico Norte" (veja mais clicando aqui).



A estratégia do ‘Ocean Cleanup Array’ é utilizar o movimento do plástico no mar em vantagem própria. Mover-se através dos oceanos para recolher o plástico seria caro, desajeitado e poluente, e resultaria em enormes quantidades de equipamentos para a sua captura. Então o melhor a fazer é deixar as correntes rotativas transportar os detritos até o dispositivo.



A estrutura seria posicionada nos pontos de concentração de lixo – giros - e seria capaz de retirar todo o material flutuante. A matriz de limpeza do oceano seria localizada paralelamente às rotas de navegação, evitando obstruir o transito de embarcações - a maioria dos giros está localizada em áreas pouco percorridas e a matriz de limpeza do Oceano terá de ser mapeada.



Com o ‘Ocean Cleanup Array’, um conjunto de barras flutuantes ancoradas em plataformas de processamento mediria o raio de cada giro, atuando como um ‘funil’ gigante em que o ângulo da sua posição criaria um ‘sugadouro’. Em seguida, os resíduos entram nas plataformas, para serem filtrados e armazenados até a sua recolha para reciclagem em terra.





Ao utilizar dispositivos flutuantes ao invéz de redes, áreas muito maiores seriam cobertas. Além disso, há uma enorme variedade de tamanhos de detritos. A ausência de redes - junto a sua baixa velocidade - significa que mesmo as menores partículas são desviadas e extraídas.



Uma das vantagens mais significativas do uso de barras flutuantes ao invéz de redes é que a vida marinha não pode ser pega nelas - as espécies planctônicas poderão se mover sob as barras, juntamente com o fluxo de água. O transporte dos detritos ao longo das barras é conduzido pelas correntes, e lento o suficiente para que os organismos possam escapar.



Também, as plataformas serão completamente auto-sustentáveis, recebendo a sua energia a partir do sol, das correntes e ondas. Além disso, deixando as ‘asas’ (barras) das plataformas balançar como as de uma arraia real é possível garantir o seu contato com a superfície, mesmo no clima mais áspero.

VIDEO: ESTUDANTE DE 21 ANOS CRIA DISPOSITIVO PARA LIMPAR OS OCEANOS



POTENCIAL LUCRATIVO

As vantagens financeiras podem melhorar muito as chances de a execução do projeto. De acordo com estimativas atuais - devido à eficiência sem precedentes do plano - os benefícios da reciclagem superam significativamente os custos da execução do projeto. Este conceito é tão eficiente, que a venda do plástico recolhido nos oceanos geraria, de fato, mais dinheiro que o custo da execução do plano, tornando o projeto potencialmente lucrativo.

VIDEO: ILHA FEITA DE PLÁSTICO RECICLADO DO OCEANO



A ilha reciclada é uma proposta para reutilizar o lixo plástico no Giro do Pacífico Norte na construção de um novo habitat flutuante. O vídeo apresenta o conceito de design para a reciclagem. (www.recycledisland.com)

Apesar da qualidade do plástico ser um pouco menor do que o plástico regular reciclado ele pode, por exemplo, ser misturado a outros materiais plásticos para produzir produtos de alta qualidade. Além disso, sua comercialização através da marca ‘Ocean Plastics’ pode aumentar ainda mais o valor do plástico e criar uma consciência com o consumidor.



VIABILIDADE

Atualmente, apenas ¼ do estudo de viabilidade foi realizado. Embora os resultados preliminares pareçam promissores, e a equipe - com cerca de 50 engenheiros, modeladores, peritos externos e estudantes - esteja fazendo um bom progresso, ainda não existe a intenção de apresentar o conceito como uma solução, porque ele está em fase de investigação. O projeto está realizando um amplo estudo de viabilidade nas áreas da engenharia, oceanografia, economia, reciclagem, direito marítimo e muito mais. O resultado do estudo será publicado on-line (http://www.boyanslat.com/) ao longo do tempo.

DOCUMENTÁRIO LEGENDADO: ADDICTED TO PLASTIC - 2008



O ‘Ocean Cleanup Array’ não é a solução não é perfeita. Apesar da capacidade de recuperar bilhões de quilos de plástico dos oceanos, isto não corresponderia aos 100% dos detritos que estão nos oceanos do planeta. É preciso enfatizar a importância da reciclagem e da redução do consumo de produtos com embalagens plásticas. Além disso, através do desenvolvimento de sistemas que vão interceptar o plástico antes de atingir o mar, espera-se reduzir ainda mais o impacto do plástico nos oceanos.

DOCUMENTÁRIO COMPLETO: PLASTICIZED



PLASTICIZED é um relato íntimo da primeira expedição científica realizada pelo Instituto “5 Gyres”, através do centro do Oceano Atlântico Sul, com foco em resíduos de plástico. Uma história reveladora sobre a missão do instituto global para estudar os efeitos, a realidade e a escala de poluição de plástico em todo o mundo.

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