30 março 2013

ANIMAÇÃO: SALVADOR DALÍ + WALT DISNEY = “DESTINO” (1945-2003)


“Destino” é um curta-metragem animado lançado em 2003 pela The Walt Disney Company, e é o único filme a ter sua produção original iniciada 58 anos antes de sua conclusão final, em 1945. Originalmente, o projeto foi uma colaboração entre Walt Disney e o pintor surrealista espanhol Salvador Dalí.


Salvador Dalí e Walt Disney com suas esposas Gala Dalí e Lillian Bounds

Nos anos 40, durante a II Guerra Mundial, Dalí se mudou para os Estados Unidos com sua esposa Gala, onde Walt Disney o convidou para uma parceria entre a sua genialidade e a tecnologia dos estúdios Disney, criando a animação.


Por algum tempo, o projeto permaneceu em segredo. A idéia inicial era combinar diversos curtas para um filme no mesmo formato de "Fantasia". O trabalho de Dali era preparar uma seqüência de seis minutos combinando animação com dançarinos ao vivo e efeitos especiais.

O storyboard de “Destino” foi realizado pelo artista dos estúdios da Disney John Hench e por Dalí, entre 1945 e 1946. Na época, Dalí descreveu Hench como uma "figura fantasmagórica" que sabia melhor os segredos do filme que ele próprio ou Disney.


Salvador Dalí e John Hench

Em “Destino”, os personagens estão lutando contra o tempo, o gigantesco relógio solar que emerge da grande face de pedra de Júpiter, determina o destino de todos os romances humanos. Dalí e Hench estavam criando uma nova técnica de animação, o equivalente cinematográfico da "paranoid critique" (crítica paranóica) de Dali. Método inspirado na obra de Freud sobre o subconsciente e a inclusão de imagens ocultas e duplas.


O enredo do filme foi descrito por Dalí como "A exibição mágica do problema da vida no labirinto do tempo." Walt Disney disse que foi "Uma simples história sobre uma jovem garota em busca do amor verdadeiro".


O contrato, de dois meses, firmado em janeiro de1946, permitia a Dali dedicação completa à realização projeto na Disney Studios Burbank (Califórnia), mas depois de oito meses o trabalho ainda não estava concluído. Ao mesmo tempo “Fantasia”, a animação clássica de 1940, era rejeitada pelo público e a Disney perdeu mercado na Europa.

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O projeto foi interrompido por problemas financeiros durante a II Guerra Mundial e não havia boa perspectiva comercial para a obra. Hench chegou a compilar uma animação de teste, com 17 segundos, na esperança de reanimar o interesse da Disney no projeto, mas o cancelamento da produção foi confirmado. Em seguida, seus estúdios foram requisitados pelo exército e acabou produzindo cartoons para treinar as tropas.



O RESGATE

Em 1999 Roy E. Disney, sobrinho de Walt Disney, desenterrou o projeto adormecido enquanto trabalhava em Fantasia 2000, e decidiu trazê-lo de volta à vida. O estúdio da Disney na França, um pequeno departamento parisiense de produção da empresa, foi chamado para finalizar o projeto. O curta foi produzido por Baker Bloodworth e dirigido pelo animador francês Dominique Monfréy em seu primeiro papel como diretor.



Uma equipe com cerca de 25 animadores decifraram os storyboards enigmáticos de Dalí e Hench (com uma pequena ajuda das anotações de Gala, esposa de Dalí e de orientações do próprio Hench), e terminaram a produção de “Destino”. O resultado final é, na sua maioria, uma animação tradicional, incluindo as imagens originais de Hench, mas também contém alguma animação de computação gráfica.


“Destino” é uma história de amor. O curta de seis minutos conta a história de Chronos, a personificação do tempo e da incapacidade de realizar seu desejo de amor por uma mortal. A história segue enquanto a mulher dança, sem interrupção, conectada ao cenário surreal. As cenas misturam a iconografia das pinturas de Dalí com dança e metamorfose. Não há diálogo, mas a trilha sonora inclui música escrita pelo compositor mexicano Armando Dominguez, interpretada pela cantora Dora Luz.


Os 17 segundos de cenas originais, que estão incluídas no produto acabado, é o segmento com duas tartarugas - referido na apresentação de Bette Midler para a sequência de ‘O Soldadinho de Chumbo’ em “Fantasia 2000”, que mostra o beisebol como uma metáfora para a vida.


“Destino” estreou em 2 de junho de 2003 no ‘Annecy International Animated Film Festival’ na França e ganhou vários prêmios, sendo indicado para o Oscar 2003 de Melhor Curta-metragem de Animação. No mesmo ano foi incluída no ‘Animation Show of Shows’. Em 2005, foi apresentado de forma contínua, como parte de uma grande mostra retrospectiva de Dalí no Museu de Arte da Filadélfia.


Em 2007 o filme foi mostrado em exposições de Dalí na Tate Modern, em Londres, e no Los Angeles County Museum of Art. Em 2008 foi exibido no Museu de Arte Moderna de Nova York e no Museu Dalí em St. Petersburg, na Flórida. Em 2009, foi a vez da National Gallery of Victoria em Melbourne, na Austrália, e do Instituto de Arte de Dayton, em Ohio. Em 2012, a animação foi apresentada no Centro Georges Pompidou, em Paris.

27 março 2013

PROJETO VENUS: BUSCANDO NOVAS MANEIRAS DE PENSAR E VIVER


À medida que os desafios globais e o conhecimento científico se multiplicam, a humanidade sofre ameaças que utrapassam fronteiras - superpopulação, aquecimento global, poluição ambiental, escassez de água e energia, catástrofe atômica, doenças, a automação que substitui pessoas por máquinas e muito mais.

Neste sentido, torna-se urgente reavaliar nossos valores e refletir sobre a própria natureza do que significa ser humano e membro de uma "civilização", e quais escolhas devem ser feitas para assegurar a prosperidade para a humanidade.

DOCUMENTÁRIO: REAÇÃO EM CADEIA - EXCESSO DE POPULAÇÃO



O futuro depende de decisões que são tomadas hoje, e o maior dos recursos disponíveis atualmente é a própria engenhosidade humana. O nosso planeta é abundante em recursos e o seu racionamento pelo poder monetário é contraprodutivo à sobrevivência.

Enquanto poucos países e os interesses financeiros controlarem e consumirem a maioria dos recursos mundiais, e o lucro for o foco principal, os problemas sociais e ambientais permanecerão. Se quisermos pôr fim às mazelas globais e sociais, devemos declarar a Terra e todos os seus recursos um patrimônio de todos.

ENTREVISTA: ZYGMUNT BAUMAN EM ‘FRONTEIRAS DO PENSAMENTO’



Desde o final do século 20, muitas tecnologias de ponta estão disponíveis e outras sendo desenvolvidas em centros de pesquisa altamente avançados, mas nosso sistema econômico e social não se adaptou às novas capacidades tecnológicas.

Hoje os problemas fundamentais que atingem a população não podem ser resolvidos politica ou financeiramente, porque são altamente técnicos por natureza. Talvez nem exista dinheiro suficiente para alcançar esse fim, mas os recursos (naturais e das pessoas) são abundantes.


A aplicação eficiente da ciência e da tecnologia poderia realizar um futuro de abundância, livre da servidão e da dívida, baseado na capacidade de preservação do meio ambiente. É com esta percepção, baseada em anos de estudo e pesquisa experimental, que o ‘Projeto Venus’ apresenta uma visão alternativa para uma civilização mundial sustentável onde, em um futuro próximo, o dinheiro, a política, o interesse próprio e o nacionalismo, não existem mais.

PROJETO VENUS

O ‘Projeto Venus’ é uma organização que propõe um plano de mudança social para uma nova civilização global, baseada nas relações humanas e na recuperação ambiental, onde os direitos humanos sejam um modo de vida.

Seu planejamento pretende direcionar a tecnologia e os recursos na busca por novas maneiras de pensar e viver, onde a função primária seja maximizar a qualidade de vida em vez dos lucros, oferecendo à sociedade mais opções na condução para uma era de paz e sustentabilidade.

VIDEO: ECONOMISTAS ANUNCIAM O FIM DO CAPITALISMO



Fundamentalmente, o projeto prevê a eliminação da economia baseada em dinheiro, em detrimento de uma economia baseada em recursos – onde todos os bens e serviços estariam disponíveis, sem haver a necessidade do uso de qualquer forma de débito ou servidão.

Seu objetivo é melhorar a sociedade com a construção de cidades sustentáveis – terrestres e marítimas -, a utilização eficiente da energia e a gestão dos recursos naturais através da automação avançada, e inclui os campos da educação, transporte e energia limpa para sistemas urbanos completos.


Jacque Fresco e Roxanne Meadows

A organização foi fundada, em 1995, pelo projetista industrial e engenheiro social Jacque Fresco em parceria com sua sócia Roxanne Meadows, embora o Projeto já exista desde os anos setenta. O nome da organização tem origem na cidade de Venus, Flórida, onde opera um centro de pesquisas com 25 acres (101.171,83 m²).

Fresco acredita que não é possível eliminar os problemas sociais dentro do atual sistema político e monetário - que é danoso à sociedade e limita o potencial das pessoas -, porque ele tende a preservar e manter seus próprios interesses e a continuação da sua base de poder.

VIDEO: 'NÓS HIPOTECAMOS O FUTURO', CRITICA SOCIÓLOGO POLONÊS - 2012



Neste sentido, ele alerta para a crença de que os governos trazem mudanças pensando no bem-estar dos seus cidadãos, e que as mudanças na sociedade surgem de alterações na educação ou no lar. Para Fresco, as verdadeiras forças responsáveis pela mudança têm muito mais a ver com imprevistos, eventos externos ou pressões biossociais que alteram o nosso ambiente e estabelecem regras (ex: automação, catástrofes naturais, oscilações econômicas ou guerras).

DOCUMENTÁRIO: MENTE HUMANA E DINHEIRO - ODISSEIA



Fresco também alerta que o uso de dinheiro resulta em estratificação social e elitismo econômico. A sociedade está submetida aos empregos pela necessidade do dinheiro, e quem controla o poder aquisitivo (governos e corporações) possui maior influência sobre o comportamento das pessoas.

Muitas vezes, alimentos são destruídos para terem seus preços manipulados. Mudanças superficiais no design de produtos são abusivas, com o objetivo de se criar um mercado contínuo. O alto custo no tratamento do lixo provoca a degradação ambiental. Os benefícios da tecnologia só atendem aqueles com poder de compra.

Na luta pela posse de dinheiro, instituições são imersas na corrupção, ganância, crime, fraude e muito mais.

VIDEO: O FIM DO CAPITALISMO E O DESEMPREGO TECNOLÓGICO



Também, à medida que a inteligência artificial avança, máquinas são cada vez mais usadas em decisões na indústria, governo e assuntos militares. Isto significa uma transferência gradual no processo de tomada de decisões para máquinas inteligentes como um próximo passo na evolução social.

Este cenário, em que pessoas são substituídas pela automação (desemprego tecnológico), elimina o poder de compra necessário para sustentar um sistema monetário que endivida a população e governos. O padrão de vida nas nações industrializadas, o equilíbrio entre trabalho e o interesse familiar, não se mantém, e as pessoas deixam de respeitar a autoridade.

VIDEO: PROJETO VENUS - PARAÍSO OU ESQUECIMENTO - 2012



Neste sentido, Fresco propõe uma transformação cultural na qual uma economia baseada em recursos e em tecnologias inovadoras e vantajosas para o meio ambiente, aplicadas diretamente ao sistema social, reduziria drasticamente o crime, a pobreza, a fome, a falta de moradia e muitos outros problemas que são comuns pelo mundo todo. Mas alerta que para fazer esta transição, é necessário um salto quântico de mentalidade e de conduta.


Para ele, uma economia baseada em recursos possibilitaria o uso da tecnologia para aplicar fontes renováveis de energia, informatizar e automatizar bens e serviços, projetar cidades seguras e energeticamente eficientes e sistemas avançados de transporte, efetivar um serviço de saúde universal e uma educação de qualidade e, sobretudo, gerar um novo sistema de incentivo com a conscientização humana e ambiental.


Fresco teoriza que a progressão da tecnologia, se estendida para além do lucro, disponibilizaria mais recursos e produziria mais produtos e materiais, reduzindo a tendência para a independência, corrupção e ganância, incentivando a cooperação entre as pessoas.


A primeira fase do projeto já está em andamento. Jacque Fresco e Roxanne Meadows completaram a construção do centro de pesquisa na Flórida, e produziram material para divulgar o projeto e suas propostas - vídeos, textos, panfletos, e um livro recentemente publicado - The Best That Money Can't Buy: Beyond Politics, Poverty, and War (O melhor que o dinheiro não pode comprar: além da política, pobreza e guerra). Tudo pode ser conferido e adquirido no site do projeto - http://www.thevenusproject.com/


Para as fases seguintes, o Projeto Venus está trabalhando para colocar seus ideais em prática com a construção de uma cidade para pesquisas experimentais. Os esboços para a maioria das tecnologias e construções iniciais já começaram. Os esforços para angariar fundos já estão em andamento para ajudar no financiamento da construção.

TRAILER: THE VENUS PROJECT TOUR WITH JACQUE FRESCO



Após a construção da cidade, um parque temático também planejado irá tanto entreter como informar os visitantes sobre as possibilidades para os estilos de vida não-nocivos ao meio ambiente visionados pelo Projeto Venus. Ele fornecerá casas inteligentes, sistemas de transporte não poluentes e de alta eficiência, tecnologia computacional avançada, e muitas outras inovações que poderão acrescer valor às vidas de todas as pessoas – em um período curtíssimo de tempo.

AS CIDADES

As cidades que o Projeto Venus propõe, com arranjo circular, cercado por parques e jardins, multi-dimensionais e inovadoras, são projetadas para operar com o mínimo de gasto de energia enquanto obtém o melhor padrão de vida possível. A cidade usaria tecnologia totalmente limpa em harmonia com a ecologia local. Combinar elementos urbanos de um modo predeterminado conserva energia e provê acesso fácil a todas as porções da cidade.

VÍDEO: PROJETO VENUS - PROJETANDO O FUTURO



Os elementos pré-fabricados que constituem a cidade são projetados para permitir modificações à medida que surgem novos materiais, e o design para ser continuamente desenvolvido, ao mesmo tempo em que são mantidos os progressos tecnológicos e estruturais, e os padrões humanos em evolução. Todos os sistemas seriam emergentes e construídos para possibilitar mudanças. Isso permitiria que a cidade funcionasse como um organismo em evolução, integrado, em vez de uma estrutura estática.


Para isto, a maioria das cidades antigas seria demolida e seus recursos minerados. A modificação das cidades existentes trás consigo um alto preço, e os requisitos energéticos, um alto custo de operação e manutenção. Algumas cidades seriam reservadas como cidades-museus. É menos custoso construir cidades novas do que restaurar e manter as antigas.


O ‘Projeto Venus’ busca criar uma sociedade onde as pessoas sejam livres para escolher seu estilo de vida, atividades, desenvolver seus potenciais e perseguir sonhos sem a intervenção de um governo ou restrições financeiras.


Uma economia baseada em recursos providenciaria centros de cultura e a oportunidade de pessoas retornarem a um ambiente educacional, permitindo que elas busquem seus interesses. Embora possamos nos sentir economicamente seguros, ainda enfrentaremos grandes desafios que nos incentivarão a usar nossa inteligência e criatividade.

VIDEO: UM PLANO DE CIDADES E HABITAÇÃO



Com o ritmo atual de mudanças, um grande número de ocupações se tornarã obsoletas e desaparecerão. Numa sociedade que aplica uma abordagem sistêmica, estas profissões serão substituídas por times interdisciplinares – analistas de sistemas, programadores de computador, pesquisadores e todos que conectam o mundo numa vasta rede de comunicações. Times projetistas utilizando computadores socialmente integrados podem ser automaticamente informados sobre qualquer mudança.


Isso pode ser alcançado utilizando nossas universidades na formação de pessoal para determinar, de forma mais eficiente, os métodos alternativos e definir os parâmetros do futuro para toda civilização. O processo de alterações sociais deve permitir a mudança de condições para atualizar continuamente os parâmetros do projeto e para a infusão de novas tecnologias em uma cultura emergente. Times projetistas utilizando computadores socialmente integrados podem ser automaticamente informados sobre qualquer mudança.

DOCUMENTÁRIO BBC: O FIM DA FESTA, A FALENCIA DO OCIDENTE - 2011

PARTE 1



PARTE 2




GLOBONEWS: 'VIVEMOS EM UM SISTEMA MUITO PROPENSO A CRISES', AFIRMA O GEÓGRAFO MARXISTA DAVID HARVEY

13 março 2013

HABEMUS PAPA: FRANCISCO É O PRIMEIRO PAPA LATINO-AMERICANO DA HISTÓRIA


Após dois dias de reunião e cinco rodadas de votação, o conclave - reunião de cardeais que escolhe o novo pontífice – anunciou nesta quarta-feira (13), o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, como novo Papa, sucessor de Bento XVI à frente da Igreja Católica Apostólica Romana.


A decisão surpreendeu, pois o Bergoglio não figurava na lista de favoritos, é o primeiro papa latino-americano da história e o primeiro vindo da Ordem dos Jesuítas. Também será o primeiro papa a liderar a Igreja com o pontífice anterior ainda vivo em quase 600 anos.


A fumaça branca se elevou da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina por volta das 19h08 (15h08 de Brasília), indicando que os 115 cardeais eleitores já haviam decidido o nome do novo líder dos católicos, e foi recebida com grande alegria pela multidão que ocupava a Praça de São Pedro. Os sinos da Basílica de São Pedro tocaram em festa pela escolha do 266º pontífice.

VIDEO: HABEMUS PAPAM, FRANCISCUS (versão integral e oficial do Vaticano)



O nome do escolhido foi anunciado pelo protodiácono - o mais velho dos cardeais-diáconos - francês Jean-Louis Tauran, da sacada do Palácio Apostólico. Bergoglio escolheu se chamar Papa Francisco. Na sua primeira aparição como Papa na varanda central na Basílica de São Pedro, antes da protocolar bênção Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o mundo), Bergoglio iniciou o pontificado surpreendendo.

Mostrando bom humor disse aos fiéis: “Vocês sabem que o objetivo do conclave era dar um bispo a Roma. E parece que meus amigos cardeais foram buscar um quase no fim do mundo.”, brincou logo no início, arrancando risadas e aplausos.

VIDEO: DOIS PAPAS EM ROMA


Dois papas em Roma por superalbertofilho

Em italiano, com fala mansa e pausada, Francisco conduziu uma oração agradecendo seu antecessor, Bento 16, pelo "trabalho para o bem da Igreja" e pediu que os fiéis rezassem pelo seu papado. Depois, veio o gesto que silenciou a multidão. Do alto da Basílica, o Papa se curvou para receber as preces do povo, antes de desejar boa-noite e bom descanso.

DESAFIOS

O conclave ocorreu após dez congregações gerais de cardeais, nas quais os problemas da igreja foram debatidos exaustivamente, em meio a muitas especulações e conversas de bastidores sobre os prováveis papáveis. O novo Papa assume com a função de manter a unidade de uma igreja dividida e imersa em crises - abalada pelo escândalo de abusos sexuais contra menores, alegações de corrupção e pela perda de fiéis.


A decisão dos cardeais de eleger Bergoglio pode se justificar pelo fato dele agradar tanto os conservadores quanto os reformistas da Igreja, já que é um jesuíta austero, de tendência moderada - considerado ortodoxo em temas sexuais, por exemplo, mas também defensor da justiça social.

"A distribuição injusta dos bens persiste, criando uma situação de pecado social que clama aos céus e limita as possibilidades de uma vida plena para tantos de nossos irmãos", ele teria dito em uma conferência de bispos latino-americanos em 2007, segundo o National Catholic Report.


Ainda, por ser jesuíta, não se espera que Bergoglio encabece reformas de grande impacto. Os membros da ordem professam a "obediência cega" e o não questionamento às decisões da Igreja. Mudanças mais profundas nas regras da Igreja, como permitir o ordenamento de mulheres, assim como temas sobre casamento gay, aborto, eutanásia ou divórcio, dificilmente estarão na agenda do novo papa.

PERFIL

Jorge Mario Bergoglio nasceu em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires, na Argentina, filho imigrantes italianos – seu pai era ferroviário na Itália. Formou-se técnico em química, mas depois escolheu o sacerdócio, ingressando no seminário em Villa Devoto.


Em março de 1958, ele ingressou no noviciado da Companhia de Jesus (jesuítas). Em 1963, estudou humanidades no Chile. Entre 1964 de 1965, foi professor de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição de Santa Fé e, em 1966, ensinou as mesmas matérias em um colégio de Buenos Aires.

Em 13 de dezembro de 1969, Bergoglio foi ordenado sacerdote, enquanto estudava teologia na Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, de onde viria a ser reitor entre os anos de 1980 e 1986. Em 1992 foi apontado bispo de Auca e arcebispo adjunto de Buenos Aires em 1997.


Em 2001 foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo II. Na Santa Sé, participava de diversos dicastérios: era membro de algumas Congregações, além de integrar o Conselho Pontifício para a Família e a Comissão Pontifícia para a América Latina. De 2005 a 2011, presidiu a da Conferência Nacional dos Bispos Argentinos.


Bergoglio levava uma vida discreta. Ficou conhecido por se recusar a usufruir dos luxos que seus antecessores gozavam e é tido como um sacerdote aberto e simpático. Ele costumava andar de ônibus e metrô, cozinhar sua própria comida e visitar favelas regularmente.


Conheça o perfil do novo Papa - Jorge Mario... por superalbertofilho

Ele também fez esforços para reparar o fato da Igreja não ter se oposto à ditadura argentina (1976-1983), e se destacou por criticar abertamente o governo argentino.
A saúde pode trazer problemas para o novo papa. Durante mais de 20 anos, ele vive com somente um pulmão funcionando, que diz estar em "boa forma".

MILITÂNCIA

O cardeal é considerado da ala "moderada" da igreja latino-americana. No entanto, sua relação com o governo argentino de Néstor e, em seguida, Cristina Kirchner, foi marcada por duras críticas.


As divergências com os Kirchner começaram pouco depois da eleição de Néstor (2003-2007), devido às suas duras homilias contra o governo, em um país de maioria católica.
Em um de seus sermões, Bergoglio questionou 'o exibicionismo e os anúncios estridentes dos governantes', em mensagem que parecia dirigida ao então presidente.

Néstor Kirchner sempre considerou as declarações de Bergoglio - sobre corrupção e falta de transparência dos poderes públicos - "um ataque direto ao governo", e chegou a classificar o cardeal como um ‘expoente da oposição’, chamando-o de “chefe espiritual da oposição política”. As opiniões do arcebispo portenho sobre o aumento da pobreza no país também incomodavam a Casa Rosada.


Em 2005, o então presidente Kirchner rompeu a tradição que vinha desde 1810 e anunciou que não participaria da tradicional missa Te Deum, que no dia 25 de maio é celebrada na Catedral Metropolitana de Buenos Aires em homenagem à Revolução de Maio (que comemora o início do governo independente da Espanha, a partir de 1810).
Meses depois, um porta-voz de Bergoglio anunciou: 'não há relação da Igreja com o governo'. Desde então, esses laços estremeceram, agravados pelo fato de Nestor Kirchner acreditar que Bergoglio articulava um projeto oposicionista.


A ruptura com a presidente Cristina Kirchner teve início quando Bergoglio criticou o governo argentino durante a crise agrícola em 2008. Em março do mesmo ano Cristina apresentou a resolução 125, mudando regras para exportação de algumas commodities, e desatou uma das piores crises de seu governo - provocando greves e bloqueio de vias em apoio ao setor agrícola. Na época, Bergoglio se alinhou com os produtores agrícolas e chegou a pedir 'um gesto de grandeza' da presidente, para pôr fim ao conflito.


Depois, em meados de 2010, eles se enfrentaram quando o cardeal se opôs fortemente à aprovação da lei que consagrou o casamento homossexual (a primeira na América Latina) e a lei de identidade de gênero (que autoriza travestis e transexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido), ao mesmo tempo em que ressaltou que homossexuais merecem respeito.

A uma semana da aprovação do projeto, Bergoglio escreveu uma carta criticando duramente a iniciativa. 'Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é a pretensão destrutiva ao plano de Deus. Não se trata de um mero projeto legislativo (este é apenas o instrumento), mas sim de uma (...) mentira que pretende confundir e enganar os filhos de Deus', dizia a carta.
Cristina respondeu se dizendo 'preocupada com o tom do discurso' de Bergoglio e alegando que o projeto visava lidar 'com uma realidade que já existe'.


Mas o que mais incomodava Cristina era o fato de que, Bergoglio sempre criticou os índices de pobreza, o uso eleitoral do clientelismo, o estado de tensão social e a confrontação permanente do governo. A correspondente da BBC na Argentina, Veronica Smink, explica que Cristina sempre evita ir à Catedral de Buenos Aires para não ter de escutar as críticas de Bergoglio sobre a pobreza e a desigualdade.

Em retaliação às atitudes do cardeal, uma investigação do jornal argentino Página 12 publicou, em abril de 2010, cinco depoimentos que apontavam o cardeal como colaborador da repressão durante os governos militares na argentina. A informação parecia haver sepultado sua possibilidade real de se tornar papa.

VEJA CLICANDO AQUI – Ativistas de direitos humanos e Vaticano negam ligações do papa com a ditadura

MAL-ESTAR NA CASA ROSADA

A notícia da escolha de Jorge Bergoglio para suceder Bento XVI teria gerado um mal-estar na Casa Rosada, e o desânimo dos funcionários era visível. Segundo o colunista do jornal “La Nación”, Mariano Obarrio, o que mais se ouvia nos corredores do palácio presidencial era: “não podemos ter tanta má sorte”, “não pode ser”. “Cristina não conseguiu disfarçar, atônita, seu mal-estar e surpresa pela eleição de Francisco”, escreveu Obarrio, citando fontes oficiais que pediram anonimato.


Fontes do governo argentino disseram que, na Casa Rosada, ninguém imaginou que o arcebispo da capital argentina seria eleito Papa. Considerado quase um adversário pelos Kirchner, o relacionamento entre Bergoglio e a presidente Cristina Kirchner sempre esteve marcado pela tensão e distância entre ambos. Mesmo assim, quando o nome de Bergoglio foi confirmado, a decisão foi respaldar o novo Papa, evitando mencionar conflitos passados.



Apesar da relação conflituosa, Cristina Kirchner manifestou sua "consideração e respeito" ao arcebispo de Buenos Aires por ter sido eleito Papa, e foi uma das primeiras a confirmar sua presença na cerimônia de posse de Francisco na próxima terça-feira no Vaticano. Em carta, expressou sua consideração e respeito pelo Pontífice:
“É nosso desejo que tenha, ao assumir a condução da Igreja, uma frutífera tarefa pastoral, desempenhando grandes responsabilidades em prol da justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz na humanidade”.

VIDEO: O MUNDO COMEMORA ELEIÇÃO DO NOVO PAPA


O mundo comemora eleição do novo papa por superalbertofilho

CLIQUE AQUI - GLOBO NEWS DOCUMENTO – A TRAJETÓRIA DE JORGE MARIO BERGOGLIO ATÉ SE TORNAR PAPA FRANCISCO

08 março 2013

MORRE HUGO CHÁVEZ, PRESIDENTE DA VENEZUELA


O presidente Hugo Chávez, que liderou a Venezuela por 14 anos, morreu na tarde de terça-feira (5), aos 58 anos, num hospital militar em Caracas. Ele lutava contra um câncer desde junho de 2011 e após realizar um tratamento em Cuba, havia voltado à Venezuela em fevereiro deste ano.

VIDEO: MORRE HUGO CHÁVEZ - AFP



O vice-presidente Nicolás Maduro, designado pelo próprio Chávez como seu sucessor, foi quem fez o anúncio em um pronunciamento ao vivo na TV estatal. A cúpula das Forças Armadas também se apresentou, logo após Maduro, para jurar respeito à Constituição e lealdade ao vice.

VIDEO: NICOLÁS MADURO ANUNCIA A MORTE DE HUGO CHÁVEZ



Horas antes de anunciar a morte de Chávez, Nicolás Maduro havia feito um discurso na TV, onde acusou os adversários políticos de Chávez e os EUA de "conspiração", e anunciou a expulsão de dois adidos americanos acusados de propagar rumores sobre a morte de Chávez e de "contatos não autorizados" com antigos militares venezuelanos, simpáticos ao regime anterior à revolução chavista.

VIDEO: MADURO ACUSA INIMIGOS DA REVOLUÇÃO CHAVISTA



Maduro ainda acusou os "inimigos" da revolução de terem provocado o cancer do Presidente venezuelano. Durante o tratamento Hugo Chávez chegou a dizer que o câncer, que atingiu cinco líderes sul-americanos – entre eles a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, do Brasil, e a presidente da Argentina Cristina Kirschner – teria sido induzido pelos Estados Unidos. "Não seria estranho se tivessem desenvolvido uma tecnologia", disse.


Assim que foi anunciada a da morte de Chávez, as ruas da capital, Caracas, foram tomadas por pessoas chorando, abraçadas e a agitando bandeiras. O clima em Caracas já era de apreensão e silêncio, à espera dos acontecimentos - na véspera, um boletim médico pessimista havia relatado uma piora no seu estado de saúde.
O Governo decretou sete dias de luto nacional. O funeral de Chávez foi realizado na sexta-feira (8), na Academia Militar da Venezuela.

VIDEO: FUNERAL DE HUGO CHÁVEZ



Com a morte do Presidente, a Constituição da Venezuela prevê a realização de novas eleições no prazo de 30 dias. O vice Nicolás Maduro, de 50 anos, herdeiro político de Chávez, é apontado como candidato presidencial do partido governista – PSUV - e deve enfrentar o líder da oposição, Henrique Capriles, derrotado nas urnas em Outubro. Após o episódio, Capriles adotou um tom conciliador - falou em união nacional e solidariedade.

VIDEO: HENRIQUE CAPRILES SE SOLIDARIZA COM MORTE DE HUGO CHÁVEZ



Chávez não conseguiu tomar posse em 10 de janeiro de 2013, para um novo mandato que completaria 20 anos de chavismo. Após disputa judicial, a Assembleia Nacional concedeu ao presidente uma permissão indefinida de ausência do país para tratar a doença, em Cuba, enquanto o Tribunal Supremo autorizou que a posse fosse adiada para quando ele estivesse bem de saúde.

A LUTA CONTRA O CANCER

Há muito que se especulava sobre o estado de saúde de Hugo Chávez, numa batalha mediática que parecia não ter fim. O líder venezuelano sofria de cancer desde Junho de 2011 e foi sujeito a quatro cirurgias em Cuba.

VIDEO: HUGO CHÁVEZ ANUNCIA QUE TEM CANCER (em 30/ 06/ 2011)



Em junho de 2011 a imprensa da Venezuela noticiou que Chávez havia passado por uma cirurgia de emergência na região pélvica, em Cuba, mas o governo venezuelano negou que se tratasse de um tumor. No entanto, em 30 de junho o presidente confirmou o câncer. Em agosto de 2011, apareceu com o cabelo raspado: "É meu novo visual", disse. Em outubro do mesmo ano, o governante declarou-se livre do câncer.


Em fevereiro de 2012, Chávez foi operado novamente em Cuba e passou por radioterapia. Em julho, voltou a dizer que havia vencido a batalha contra o câncer, mas em novembro viajou a Cuba para receber terapia hiperbárica - um tratamento complementar para a radioterapia.


Em dezembro de 2012, Chávez anunciou sua volta à Cuba para uma nova cirurgia e designou o vice, Nicolás Maduro, como seu sucessor se não voltasse ao poder. Foi a primeira vez que Chávez admitiu, publicamente, que a doença poderia impedi-lo de seguir à frente do país.

VIDEO: ÚLTIMO PRONUNCIAMENTO DE CHÁVEZ NOMEIA SUCESSOR (em 08/12/2012)



Seu regresso à Venezuela em 18 de Fevereiro, depois de permanecer na ilha por dois meses, foi visto por alguns como sinal de melhora no estado de saúde e uma forma de tomar posse das eleições de Outubro de 2012. Mas outros analistas viram nesta viagem um sinal de que a doença ganhava a batalha.

BARACK OBAMA E DILMA ROUSSEFF

Após o anúncio da morte de Chávez, o presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou nota dizendo que deseja um "novo relacionamento" construtivo com a Venezuela. A nota acrescenta que "quando a Venezuela começa um novo capítulo na sua história, os EUA permanecem empenhados em políticas que promovam os princípios democráticos, o Estado de direito e o respeito pelos direitos humanos". O Departamento de Estado manifestou apoio ao país na nova fase e disse que isso inclui a realização de eleições com "alto padrão democrático".

VIDEO: DILMA LAMENTA A MORTE DE HUGO CHÁVEZ



A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, por seu lado, fala numa "perda irreparável", disse que a morte de Chávez "deve encher de tristeza todos os latino-americanos". Dilma Rousseff salientou que nem sempre esteve de acordo com Chávez, mas destacou que a preocupação dele sempre foi "o desenvolvimento do seu país e do continente".

TRAJETÓRIA

Hugo Rafael Chávez Frías nasceu em 28 de julho de 1954, em Sabaneta, no estado de Barinas. Filho de professores primários, ele casou e se divorciou por duas vezes. Tem quatro filhos – duas mulheres e um homem do primeiro matrimônio, e uma menina do segundo – e três netos. Militar reformado, Chávez tentou chegar ao poder pela primeira vez em 1992 através de uma tentativa fracassada de golpe de Estado que fez com que fosse preso por dois anos.


Chávez foi um dos mais destacados e controversos líderes da América Latina. Desde que assumiu o comando da Venezuela, promoveu mudanças à esquerda, na política e na economia. Venceu as primeiras eleições presidenciais em 1999, com a promessa de pôr fim à corrupção do governo e de distribuir a renda do petróleo entre os setores excluídos da sociedade. No final de 1999, alcançou o seu objetivo de mudar a carta magna da Venezuela e iniciar o que chamou de "Revolução Bolivariana".

DOCUMENTÁRIO: HUGO CHÁVEZ (em português)



Em 2002, já no comando do país, sofreu um golpe de Estado que o tirou do poder por quase 48 horas. Foi restituído por militares leais, com a mobilização de milhares de seguidores. Sua política externa foi marcada por críticas ao "imperialismo" dos Estados Unidos, país que ele acusou de ser responsável pelo breve golpe de 2002 e por questões que vão desde a mudança climática até uma suposta tentativa de assassiná-lo.


Na sua reeleição em 2006 (com 62% dos votos), declarou a transformação da Venezuela em um Estado socialista, iniciando seu projeto de estatização da maioria das empresas venezuelanas, em setores como telecomunicações e eletricidade. Iniciava-se também sua tentativa de reforma na Constituição, que permitira sua reeleição por tempo indefinido.


Em 2010, derrotado nas eleições legislativas - quando seu partido não conseguiu maioria na Assembleia – Chávez aprovou um dispositivo para governar por decretos de emergência.
A Venezuela entrou oficialmente no Mercosul em 13 de agosto de 2012, após Brasil, Argentina e Uruguai suspenderem o Paraguai do bloco como sanção pelo impeachment do presidente Fernando Lugo.

VIDEO: RODA VIVA COM HUGO CHÁVEZ (em15/03/2005)



Em 7 de outubro de 2012 Chávez garantiu novo mandato (com 54% dos votos) até 2019, prometendo "radicalizar" o programa socialista que vinha implantando no país. Durante a campanha, Chávez pediu a vitória para tornar "irreversível" o seu sistema socialista e acelerar o Estado comunista. Ele não hesitou em falar em uma “ameaça de guerra civil” caso o rival ganhasse as eleições.

VIDEO: CHAVISTAS CELEBRAM A VITÓRIA DA 'REVOLUÇÃO BOLIVARIANA’



Além de ser comandante-em-chefe das Forças Armadas e presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), com maioria na Assembleia Nacional, Hugo Chávez também controlava a mídia estatal e era aficionado pela comunicação. Convocava constantemente a cadeia nacional de rádio e TV para longos discursos, além de comandar o programa "Alô, Presidente", onde discutia suas ideias políticas, entrevistava convidados, entregava obras públicas e até vendia eletrodomésticos chineses com preços subvencionados pelo governo.

VIDEO: FRAGMENTO DO PROGRAMA "ALO, PRESIDENTE", DE HUGO CHÁVEZ



Tornou-se também um grande usuário do Twitter, onde reunia milhares de seguidores. O último tweet de Chávez aconteceu no dia 18 de fevereiro: "Sigo aferrado a Cristo y confiado en mis médicos y enfermeras. Hasta la victoria siempre!! Viviremos y venceremos!!!"

POPULISMO

Hugo Chávez manteve-se no poder com uma política social que melhorou a educação e a saúde públicas, embora a pobreza, o desemprego e a violência tenham se espalhado pelo país. Era rejeitado pela classe média, afetada pelas restrições econômicas impostas em nome da revolução e por políticas de desapropriação de empresas privadas. Seu discurso beligerante polarizou a sociedade e eliminou o entendimento com a outra metade do país.


Durante sua gestão, Hugo Chávez reforçou a cooperação com seus aliados de esquerda na América Latina como Bolívia, Equador, Nicarágua, e estabeleceu parcerias com governos polêmicos como Irã, Síria, Belarus, Líbia, entre outros. Entretanto, continuou a vender, diariamente, um milhão de barris de petróleo para os Estados Unidos.
Com os "petrodólares", subsidiou a sua ‘Revolução Bolivariana’.

SOUTH OF THE BORDER

“South of the Border” é um filme do gênero documentário político, dirigido, escrito e produzido por Oliver Stone, que estreou no Festival de Veneza em 2009, fora do circuito oficial da competição pelo Leão de Ouro.


Para realizar o filme a Stone fez uma incursão pelos países latino-americanos governados pela esquerda, em especial a Venezuela. Viajou do Caribe até o sul da Cordilheira dos Andes, para tentar explicar o fenômeno que é Hugo Chávez na região e fazer um relato da recente guinada à esquerda na América Latina. O filme também tenta compreender a ‘Revolução Bolivariana’ de Chávez e o desenvolvimento social da região no século XXI.

“SOUTH OF THE BORDER” – FILME COMPLETO


O documentário examina as políticas econômicas de livre mercado historicamente impostas pelos Estados Unidos e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) na região, e como elas falharam em aliviar o problema crônico da desigualdade social na América Latina.
Além de Chávez, o presidente Lula também participa do documentário, assim como a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, da Bolívia, Evo Morales, do Paraguai, Fernando Lugo, do Equador, Rafael Correa e também o líder cubano Raúl Castro.


Questionado sobre o motivo que o levou a produzir o filme, Stone afirmou:
“Acho que o projeto começou a partir da demonização de líderes latinos pela mídia americana. E foi se tornando mais do que isso à medida que nos envolvíamos mais. A imprensa nos Estados Unidos dividiu o continente latino na "esquerda ruim" e na "esquerda boa". Acabaram de colocar Correa na esquerda ruim, junto com Morales e Chávez. Eles chamam Lula de esquerda boa. Não sei do que chamam a Kirchner ainda, mas acho que estão se virando contra ela mais e mais. Você fica com essa distinção, que acho que é falsa”.


O produtor de “South of the Border”, Fernando Sulichin, disse que o filme mostra Chávez “assim como ele é”. “É uma pessoa com uma visão histórica bastante importante”, disse. O roteirista, o historiador britânico de origem paquistanesa Tariq Ali definiu o projeto como "um road movie político".
O documentário teve uma recepção confusa. A revista Time o descreveu como "parcial" e o comparou às animadoras de torcida, além de dizer que apresentou uma visão pouco mundial.

DOCUMENTÁRIO: HUGO CHAVEZ (legendas em inglês)