11 julho 2012

JEFF KOONS. THE PAINTER & THE SCULPTOR


Neste Verão, entre 20 de junho e 23 de setembro, a Schirn Kunsthalle e o Liebieghaus Skulpturensammlung, em Frankfurt, mostram o trabalho do artista norte-americano Jeff Koons, que tem desempenhado um papel pioneiro no mundo da arte contemporânea desde os anos 1980. Duas mostras, simultâneas, separam deliberadamente os aspectos esculturais e pictóricos de sua obra e os apresenta em um contexto próprio.

VIDEO: JEFF KOONS. THE PAINTER & THE SCULPTOR



Abrangendo quarenta e cinco pinturas, a apresentação intitulada "Jeff Koons. The Painter”, na Schirn Kunsthalle, se concentra no desenvolvimento estrutural do artista como um pintor. Com motivos extraídos de uma gama diversificada de fontes da cultura popular, assim como da alta cultura, suas pinturas monumentais combinam a hiper-realismo e elementos gestuais para formar imagens compactas, de conteúdo complexo.
De outro lado, no Liebieghaus Skulpturensammlung, a mostra “Jeff Koons. The Sculptor”, quarenta e quatro esculturas de Koons, algumas mundialmente famosas e outras inteiramente novas, dialogam com o edifício histórico e uma coleção de esculturas que abrange cinco milênios. Na mesma ocasião estréia “Jeff Koons’s Antiquity”, uma nova série em que ele explora a arte antiga e seu tema central - Eros.


Jeff Koons nasceu em York, na Pensilvânia, em 1955. Estudou no Maryland Institute College of Art, em Baltimore, na School of the Art Institute of Chicago e hoje é um dos artistas contemporâneos mais destacados no mundo. Suas obras podem ser encontradas no Museu de Arte Moderna e no Whitney Museum of American Art, em Nova York, na Tate Gallery em Londres, no Stedelijk Museum, em Amsterdã, no Museu Ludwig, em Colônia, no Museu de Arte Contemporânea de Tóquio, e em outros lugares. Também, seu trabalho vem sendo apresentado, internacionalmente, em inúmeras exposições individuais. Ainda, Koons tem sido premiado com diversas distinções pela sua arte, e suas esculturas para o espaço público - como a monumental escultura de flores “Puppy” (Cachorro), de 1992 – atingiram uma popularidade de longo alcance.

DOCUMENTÁRIO: JEFF KOONS BEYOND HEAVEN



Em suas pinturas e esculturas, Koons emprega elementos do mundo do consumo e da "alta cultura" da mesma forma, faz releituras artísticas de época com a mesma facilidade com que reliza os objetos da vida cotidiana e da publicidade e, deste modo, chama a atenção para categorias como beleza e conveniência. Dentro deste contexto, ele se tornou um mestre inigualável da interação entre o sublime e o banal.

VIDEO: JEFF KOONS - BBC Imagine Documentary (2015)



Este aspecto encontra expressão na sua obra em temas elementares como a infância ou a sexualidade. Entretanto, ao contrário da longa tradição de subjetividade na arte, Koons constantemente enfatiza a objetividade artística, trabalhando na tradição do "ready-made".
Suas esculturas e pinturas têm um efeito particularmente sugestivo e impressionante sobre o espectador através de seu artesanato requintado e do engodo de suas superfícies.

VIDEO: JEFF KOONS - 'Art is a Vehicle of Acceptance' | TateShots



JEFF KOONS: THE PAINTER

A exposição “Jeff Koons. The Painter” – que ocupa quase todo o espaço da galeria de exposições no Schirn Kunsthalle - é a primeira mostra a oferecer uma visão abrangente da obra pictórica do artista, desde as pinturas em máquinas, no início da carreira, a série “Luxury & Degradation” e os trabalhos de “Made in Heaven”, até às pinturas em grande escala, feitas à mão, das séries “Celebration”, “Easyfun”, “EasyfunEthereal”, “Popeye”, “Hulk Elvis” e “New Antiquity”.


As referências da vida cotidiana e de vários períodos históricos – da arte e do mundo - que Koons entrelaça em suas pinturas são compostos por elementos de livre flutuação, atribuídos a modularidade ou função repetitiva. Com o auxílio de programas de edição de imagem, ele consegue sobrepor camadas e criar o novo. Por meio da atenção analítica aos detalhes, ele dissolve a composição pictórica e, assim, evolui para um espectro de multiplas cores diferenciadas, que depois são meticulosamente transferidas para a tela. Compostura fria, mecânica e perfeição absoluta são as qualidades que caracterizam estas pinturas que - apesar de terem sido pintadas à mão - seguem um processo claramente pré-definido.

VIDEO: ART 21 - JEFF KOONS (legendado em espanhol)



Na série “Made in Heaven”, de 1989-91 - que mostra o artista fazendo sexo com a atriz de cinema pornô Cicciolina (Ilona Staller), que mais tarde se tornaria sua esposa - as esculturas e pinturas ainda são distintas em relação ao motivo. A mistura dos dois meios – pintura e escultura - surge no contexto de “Celebration”, uma série desenvolvida a partir de 1994. Um coração, um pedaço de bolo, ou um chapéu de festa de aniversário infantil, com brilho metálico, cobertos em papel de embrulho colorido, têm a tridimensionalidade destacada, ao mesmo tempo em que o fundo se funde com a película refletora.


Nas duas séries consecutivas “Easyfun” (1999-2000) e “Easyfun-Ethereal” (2000-2002) - colagens de partes do corpo, comidas, paisagens, objetos do cotidiano, referências artísticas do passado, etc – os primeiros planos e fundos, e os centros e bordas são virtualmente pouco distintos um dos outros. Com eles, Koons atinge uma simultaneidade e hibridismo que praticamente desafia a interpretação. Por outro lado, em sua série mais recente, “Antiquity”, ele trabalha a partir de referências da arte antiga e as combina com sua própria iconografia.


A exposição Schirn mostra as referências, assim como o desenvolvimento temático e composicional da obra de Jeff Koons. E mais: ao longo dos 140 metros de comprimento da galeria, as pinturas criam uma força quase magnética que leva o espectador à uma compreensão universalizada do mundo pictórico.



JEFF KOONS: THE SCULPTOR

Na exposição “Jeff Koons. The Sculptor”, no Liebieghaus Skulpturensammlung, as esculturas do artista estão integradas na própria coleção do museu, que espelha a história da escultura desde a Antigüidade até o Neoclassicismo. Seguindo um conceito elaborado em estreita cooperação com o artista, cada uma de suas numerosas e muitas vezes icônicas obras escultóricas, foram introduzidas nas várias seções do Liebieghaus, provocando uma série de diálogos distintos e instigantes.

VIDEO: TRAILER DE SCHIRN KUNSTHALLE



Todo o conjunto do Liebieghaus – a vila historicista, os edifícios da galeria e o grande jardim - acomoda as esculturas de Jeff Koons como em um estágio único. Nas diversas galerias, as obras de Koons criam um jogo intrigante onde, muitas vezes, o que é oferecido só é percebido através de uma observação minuciosa.
Em sua série de esculturas “Statuary”, Koons adere, consistentemente, aos motivos e formas do barroco europeu. Isto levou à escolha idiossincrática de materiais individuais, para provocar um encontro surpreendente entre formas barrocas modernas, expressas em aço polido, e retratos barrocos, históricos, da coleção de Frankfurt.


Outros trabalhos, por sua vez, demonstraram uma proximidade espantosa com as obras históricas no que diz respeito ao material. Nesses casos, no entanto, são os motivos que contrastam fortemente, como quando retábulo colorido de terracota vitrificada por Andrea della Robbia é justaposto com a figura de porcelana policromada da mulher na banheira (da série Banalidade).


Em outra sala, a famosa escultura de porcelana do ídolo pop Michael Jackson vestindo um terno dourado, com o seu macaco Bubbles, aquece os olhares arregalados das máscaras mortuárias egípcias da Sacerdotisa Takait e os deuses do panteão egípcio.
Com um gesto marcial, o personagem de animação "Popeye" tem seu lugar no meio do salão de arte medieval do Liebieghaus, enquanto Hulk (Friends) e Hulks (Bell) - novas produções para a mostra - tem lugar junto à coleção de arte do leste asiático.


O foco principal do encontro entre Jeff Koons e a história da escultura, tão singularmente representado pelo Liebieghaus, é a "migração de imagens" - citações Koons e empréstimos de épocas passadas da história da arte. A história de Eros em seu significado original grego - sobretudo no contexto pictórico de Afrodite, a deusa do amor - fornece o fio condutor que liga os famosos trabalhos de as obras-primas da antiguidade.


Talvez a afinidade seja mais evidente nos trabalhos da série mais recente de Koons, intitulada “Antiquity” - que ainda não foi mostrado ao público - ao lado de uma série de pinturas, apresenta as duas espetaculares esculturas “Balloon Venus” e “Metallic Venus”.
Essas criações fazem referência direta às esculturas grandiosas da antigüidade grega, conjurando o mundo de Dionísio e da deusa do amor. Ao mesmo tempo, elas ilustram o grau em que Koons traduz as antigas tradições em novas formas - e propõe uma abordagem moderna para entender seu significado no processo.



JEFF KOONS NO BRASIL: ENCONTRO COM OS ARTISTAS

Em 2011, a Fundação Bienal de São Paulo comemorou seus 60 anos com a exposição "Em Nome dos Artistas", no Parque Ibirapuera. Pela primeira vez no Brasil, o acervo do Astrup Fearnley Museum of Modern Art, na Noruega, fez um painel impressionante da arte contemporânea norte-americana, e mostrou 219 obras.
No dia 27/09/2011 o Jeff Kons falou ao público no Auditório do Ibirapuera como parte do ciclo de palestras “Encontro com os Artistas”. Na sequência, ele respondeu a perguntas do público e de Daniel Benevides, jornalista do UOL, Lisette Lagnado, curadora e professora da Faculdade Santa Marcelina, Fábio Cypriano, crítico da Folha/Ilustrada e Fernanda Mena, editora da Ilustrada/Ilustrada como parte da Sabatina Folha/UOL.

VIDEO: JEFF KOONS FALA NO “ENCONTRO COM OS ARTISTAS”(com tradução simultânea em português)

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