20 abril 2012

JULIAN ASSANGE, FUNDADOR DO WIKILEAKS, ENTREVISTA O LÍDER DO HEZBOLLAH EM ESTRÉIA NA TV RUSSA


O fundador do Wikileaks, Julian Assange, entrevistou Hassan Nasrallah, o líder do movimento xiita libanês Hezbollah, no primeiro de uma série de programas a serem exibidos pelo canal russo em língua inglesa RT – Russia Today.
Assange gravou, durante os dois últimos meses, 12 episódios de 26 minutos do programa "The World Tomorrow" na Inglaterra, onde vive praticamente recluso há 500 dias à espera de uma decisão sobre sua extradição à Suécia, país que quer interrogá-lo por supostos crimes sexuais.
O programa, que terá uma periodicidade semanal, será divulgado na RT a partir de terça-feira (24) às 10H00 GMT (07H00 de Brasília). As entrevistas também estarão disponíveis na internet.

VIDEO: RT PROMOVE ENTREVISTA COM O LÍDER DO HEZBOLLAH



A RT - rede multilíngue lançada pela Rússia em 2005, em inglês, espanhol e árabe - anunciou a sua colaboração com Assange, numa aliança explosiva para enfrentar a imprensa ocidental. A emissora, financiada pelo Estado russo, prometeu novas entrevistas polêmicas.
A chefe de redação da RT, Margarita Simonian, já tinha advertido que a primeira das doze personalidades entrevistadas pelo programa criaria muita polêmica. "Muitos ficarão extremamente descontentes", disse, no Twitter, antes do início do programa.

VIDEO: ‘THE WORLD TOMORROW’ - ENTREVISTA COMPLETA COM HASSAN NASRALLAH



A entrevista com Hassan Nasrallah, considerado terrorista pelos Estados Unidos e Israel, foi uma oportunidade para ele reafirmar o seu apoio ao regime sírio, que reprime há mais de um ano um movimento de contestação, e de acusar a oposição de se negar ao diálogo. Esta posição aproxima-se muito de Moscou, que bloqueou as resoluções da ONU e que denuncia o apoio do ocidente aos opositores.
"Em termos de marketing, de relações públicas, é um belo golpe" para RT e Assange, afirma Anna Katchakaeva, especialista em mídia, à rádio russa Svoboda, financiada pelo Congresso dos Estados Unidos. "A emissora tem chamado à atenção e obrigou os meios de comunicação internacionais a falarem dela".


Para Maria Lipman, do centro Carnegie em Moscou, o programa de Assange dá visibilidade ao canal e serve aos interesses russos."Assange odeia os Estados Unidos, este é o seu credo, como é o do líder do Hezbollah. A posição oficial russa face aos americanos é dupla: por um lado existem relações que são estimuladas (...) por outro, há uma propaganda anti-americana desenfreada", diz.
Mas, para além da manobra, Lipman duvida que esta estratégia compense a longo prazo. "Se o objetivo é competir com BBC, Al-Jazeera, CNN, não está na direção certa. O uso do escândalo não é adequado para as ambições de atingir um público internacional amplo", considera.


Assange admitiu que esperava enfrentar críticas por emitir seu programa em um canal em inglês financiado pelo Kremlin e que promove abertamente a visão de Moscou sobre os assuntos internacionais. "Acho que é uma espécie de ataque bastante trivial", afirmou nos comentários publicados pelo site da RT.
O fundador do Wikileaks também afirmou que a força do programa reside em seu "tom franco e irreverente". "Meu trabalho com o WikiLeaks não facilitou minha vida", disse no comunicado, "mas nos forneceu uma plataforma para divulgar ideias para mudar o mundo".


Assange garante que não poderia trabalhar para uma empresa de mídia ocidental, já que o seu alvo principal são os Estados Unidos.
"Estamos em confronto com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (...) precisávamos de uma parceira de mídia que tivesse a capacidade de falar", ressaltou.
O fundador do Wikileaks também acusou a imprensa americana de ser "incapaz de criticar o abuso do poder militar americano" e a BBC de ser "hostil".
Em dezembro de 2010 Assange recebeu o apoio do primeiro-ministro Vladimir Putin e de outros líderes como o Presidente Lula, do Brasil.

VIDEO:JULIAN ASSANGE RECEBE O APOIO DO PRESIDENTE LULA



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