30 maio 2011

RICHARD KERN: CINEMA DA TRANSGRESSÃO



Nascido em 1954, em Roanike Rapids na Carolina do Norte, Richard Kern é cineasta e fotógrafo em Nova Iorque. Formado em Belas Artes na Universidade da Carolina do Norte em 1977, Kern atribui sua iniciação em fotografia e interesse por voyeurismo às influência de seu pai, editor e fotógrafo de jornal sempre presente em locais de acidentes e agitações políticas, que lhe ensinara desde jovem como manipular uma câmera fotográfica e a utilizar a sala escura.

NEW YORK UNDERGROUND COLLECTION: SÉRIE MANHATTAN LOVE SUICIDES (1985), DE RICHARD KERN



Começou a ser reconhecido no meio artístico com o sucesso do movimento cultural alternativo do East Village, em Nova York, no início da década de 1980, no qual participou com filmes de curta-metragem experimentais altamente eróticos (muitas vezes com cenas de sexo explícito) estrelando personalidades do rock alternativo desta época, como Lydia Lunch e Henry Rollins.



Tomando a mesma abordagem estética e temática dos músicos com quem se relacionava - artistas do chamado movimento no wave, seus primeiros trabalhos demonstram um profundo interesse nos extremos do sexo, violência e perversão, numa ótica às vezes sarcástica, às vezes alucinada.

SUBMIT TO ME - RICHARD KERN AND LYDIA LUNCH UNDERGROUND COLLECTION



Kern é considerado um dos principais cineastas do movimento cinematográfico Cinema da Transgressão. A partir da segunda metade da década de 1980 passou a dirigir esporadicamente vídeo-clipes de bandas de rock, como Marilyn Manson, The Breeders e Sonic Youth.

YOU KILLED ME FIRST (1985)



Seu filme You Killed Me First (1985) é considerado responsável pela primeira exposição da futuro ícone underground da Califórnia, Lung Leg, conhecida também por posar como modelo para a capa do aclamado disco EVOL, da banda Sonic Youth.
Aqui o video “Pierce” de 1990

HEADTWIST: FEATURING LYDIA LUNCH



Na década de 1990, Kern dedicou-se quase que exclusivamente à fotografia, trabalhando com modelos femininos e abordando constantemente o fetichismo, o sadomasoquismo e o glamour, como no livro New York Girl, refletindo de certa forma os mesmos interesses de suas antigas obras cinematográficas. É por vezes considerado um dos pioneiros no estilo porn chic contemporâneo, ao lado de fotógrafos como Helmut Newton.



RICHARD KERN & LYDIA LUNCH - INTERVIEW 1995

PARTE 1



PARTE 2


26 maio 2011

GOOGLE ART PROJECT


Desde 1º de Fevereiro deste ano os amantes da arte contam uma ferramenta imprescindível chamada "Art Project": uma iniciativa do Google, que permite a qualquer utilizador descubrir e visualizar, virtualmente, mais de 1000 obras de mais de 400 artistas em 17 dos principais museus do mundo, com uma qualidade de imagem excepcional e com a possibilidade de interagir com todas elas.

ART PROJECT - TEASER



O Metropolitan Museum of Art, Hermitage, Palácio de Versalhes, Rijksmuseum, Tate, Reina Sofía e o Thyssen estão entre as instituições que colaboraram com este projeto, que propõe também um percurso virtual de 360 graus pelas galerias dos museus graças à tecnologia street-view.


Obras como "Noite estrelada" de Van Gogh, do Moma de Nova York, "A aparição de Cristo ao povo" de Alexander Ivanov da Galeria Tretyakov de Moscou, ou "O nascimento de Vênus" de Sandro Botticelli da Galleria degli Uffizi poderão ser vistas com um detalhe minucioso.

ART PROJECT - BEHIND THE SCENES



O Google conseguiu as obras com uma resolução de 7 bilhões de pixels (uma qualidade de imagem mil vezes superior à das câmaras digitais convencionais), o que permite ver com visão microscópica os detalhes do traço das obras. As imagens são acompanhadas das explicações em vídeos do YouTube, de uns três minutos de duração, com especialistas da arte. O projeto foi apresentado na galeria Tate Britain, cujo diretor Nicholas Serota destacou que o "Art Project" "dá uma oportunidade sem igual de aproximação às grandes obras de arte".


O vice-presidente tecnológico do Google para a Europa, África e o Oriente Médio, o brasileiro Nelson Mattos, considerou que se trata "de um grande passo adiante na maneira pela qual as pessoas interagem com estas maravilhosas peças de arte" e ressaltou que o projeto facilitará o acesso à arte para milhões de pessoas que não podem visitar um museu.
Mattos afirmou ainda que o "Art Project" nasce com a vocação de chegar a outros museus importantes que não estão na lista, como os renomados Louvre e Prado.
Amit Sood, diretor do projeto, não quis entrar em detalhes sobre as razões que impediram que estes museus estivessem na lista, mas afirmou que "a porta segue aberta".


O procurador de internet que financia integralmente este programa, conseguiu colocá-lo em andamento em um ano e meio, graças à participação de um grupo de trabalhadores do próprio Google que embarcou no que a empresa chama de "projetos 20%".
Trata-se de programas de incentivos aos empregados da companhia, que passam a dedicar um quinto de sua jornada de trabalho a pensar em iniciativas que potencialmente poderão se transformar em um produto, como ocorreu com o "Art Project".


Miguel Ángel Recio, diretor-gerente do Thyssen, se mostrou muito satisfeito com o produto e convencido de que, longe de afastar os visitantes dos museus, este projeto servirá para estimular novas visitas e atrair "outro tipo de usuário".
"Para nós é muito positivo, porque servirá para atrair pessoas que até agora não conhecem nada", disse Recio.
O endereço da página é http://www.googleartproject.com/

ART PROJECT - HOW TO USE THE SITE


22 maio 2011

O TRÁFEGO AÉREO SEGUNDO A NASA


Esta simulação representa 24 horas de viagens de avião, em todo o planeta, onde cada segundo do vídeo representa aproximadamente 20 minutos reais. Cada ponto amarelo representa um vôo com pelo menos 200 passageiros.
As imagens permitem verificar que os vôos dos EUA partem, para a Europa, principalmente à noite e retornam durante o dia. O deslocamento da terra em relação ao sol revela que é verão no hemisfério norte.

13 maio 2011

SAMUEL BECKETT: ‘NOT I’

Escritor e dramaturgo irlandês, Samuel Beckett (1906-1989), engaja em sua obra uma severa crítica à modernidade, centrada nos domínios da razão, da linguagem e do intelecto. Suas novelas, peças e poemas não utilizam o vocabulário para transmitir conceitos ou contar histórias, mas dedicam-se a fazer emergir uma dimensão autônoma e corporal da escrita e da fala. Ainda, a vasta obra de Beckett abrange também produções para os meios radiofônico, televisivo e cinematográfico.
A peça de teatro Not I escrita em 1972, foi encenada neste mesmo ano no Forum Theatre do Lincoln Center, em Nova Iorque com performance de Jessica Tandy como Boca e encenação de Alan Schneider. Na Europa, foi encenada pela primeira vez no Royal Court Theatre em Londres em 1973 com a performance da aclamada atriz inglesa Billie Whitelaw e encenação de Anthony Page.

A performance, se desenvolve com dois personagens, a Boca e o Ouvinte. Todo o palco encontra-se na escuridão, a não ser pelo foco de luz na Boca, que se encontra suspensa a aproximadamente 2,5m do solo no lado direito, e no Ouvinte, que está em pé e fracamente iluminado a aproximadamente 1,20m do solo no lado esquerdo. O Ouvinte está vestido com um roupão preto da cabeça aos pés e permanece imóvel, olhando para a Boca, durante quase toda a peça. A Boca está falando de si mesma, mas toda a sua verborragia acontece na terceira pessoa e em cada uma das quatro vezes em que ela afirma: “what?.. who?.. no!.. she!..”, o Ouvinte levanta os braços numa atitude impotente e cheia de piedade. Beckett afirma que o Ouvinte levanta os braços somente para que a Boca possa se recuperar de sua recusa veemente em abandonar o discurso na terceira pessoa.


Segundo a pesquisadora Gabriela Borges - Mestre e Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a criação de Not I foi inspirada na obra A decapitação de São João Batista, do pintor italiano Caravaggio. Numa viagem a Malta, Beckett visitou a Catedral de São João Batista, onde se encontra o original que o inspirou na criação da boca descorporificada da peça. Em termos imagéticos, pode-se traçar um paralelo entre a cabeça degolada de São João Batista e a boca sem corpo de Not I, e entre a figura do Ouvinte, que presencia calado a verborragia de Boca e a imagem dos dois homens curiosos que assistem ao degolamento.
Porém, em termos de origem, talvez a relação intersemiótica mais pertinente a ser traçada seja entre Not I e as obras do artista irlandês Francis Bacon que trabalham com o tema do grito, principalmente a série de estudos dedicada aos papas. Bacon, como Beckett, emigrou da Irlanda ainda jovem e não se sentia confortável na cultura irlandesa, principalmente devido ao conservadorismo da Igreja Católica e ao preconceito pelo fato de ser homossexual. O grito tem uma importância vital na sua obra. É a forma mais elementar da expressão humana de dor e sofrimento e requer muita precisão e concentração para ser retratado em termos pictóricos.

Por sua natureza enigmática e hipnotizante, Not I foi encenada em vários países, mas para Beckett a melhor versão da peça e, de uma certa maneira, a versão definitiva foi realizada pela televisão BBC. Em 1973, Beckett tinha concedido os direitos autorais para que a adaptação de Not I fosse feita depois do término da temporada no Royal Court Theatre. A tele-peça seria produzida pela BBC, desde que fosse aprovada por ele e pela atriz Billie Whitelaw. Uma das razões que fez com que Beckett convidasse Billy Whitelaw, foi o fato dela nunca perguntar o significado das suas peças. Para Whitelaw, as palavras tinham um ritmo próprio que deveria ser respeitado para que elas fossem encenadas da maneira que tinham sido imaginadas e o seu corpo servia apenas como um instrumento regido pelo maestro Beckett.

Em 1975, o produtor Tristam Powell gravou um piloto em que somente a boca de Whitelaw aparecia em close-up. A atriz passou por várias privações devido ao aparato em que foi submetida para encenar a peça. O assento em que se encontrava, com os olhos vendados e a cabeça presa, parecia uma cadeira elétrica.
Com a aprovação da idéia, a transcriação foi gravada em 1976 sob a direção de Anthony Page e supervisão de Beckett. O texto teatral de Not I pode ser visto como uma “forma-prisão” a partir do qual a equipe de produção da BBC gravou um plano-sequência da performance da boca de Whitelaw, em close-up, expelindo todos aqueles sons, mas sem a presença do Ouvinte, que se tornou então a audiência.

Clique no link abaixo e leia o ensaio científico "A BOCA VERBORRÁGICA DE SAMUEL BECKETT", escrito pela pesquisadora Gabriela Borges - http://veronica.estc.ipl.pt/numeros/numero_1/08_gabriela_borges.pdf

10 maio 2011

HOT SITE IN BOX

A banda In Box, acaba de lançar um Hot site para a divulgação do seu novo trabalho - o DVD ‘Passado, Presente, Futuro’. Lá é possível assistir os vídeos das músicas, assim como aos extras - um tour pelo cenário, fotos da banda longe dos palcos e créditos. Ainda, todos os dias serão liberados novos conteúdos!!!
Em http://www.passadopresentefuturo.com/site/


In Box - Você me faz tão bem - Videoclipe Oficial por superalbertofilho

06 maio 2011

CELEBRIDADE HISTÓRICA: LAIKA (1954 - 1957)


Laika era uma cadela que vivia solta nas ruas de Moscou e tinha três anos de idade quando foi capturada para o programa espacial soviético. Originalmente a chamaram Kudryavka (risadinha), depois Zhuchka (bichinho), e logo Limonchik (limãozinho), para finalmente chamá-la de Laika devido à sua raça.

Seu treinamento estava a cargo do cientista Oleg Gazenko e consistia em acostumar os cães ao ambiente que encontrariam na viagem, como o espaço reduzido da cápsula, os ruídos, vibrações e acelerações. O mesmo processo geral seria utilizado mais tarde no treinamento dos cosmonautas soviéticos.
Laika foi o primeiro ser vivo terrestre a orbitar a Terra e o fez a bordo da nave soviética Sputnik II, um mês depois do lançamento do satélite Sputnik I, o primeiro objeto artificial a entrar em órbita.

O Sputnik II foi lançado em 3 de novembro de 1957. Os sinais vitais da Laika eram seguidos telemetricamente por controle em terra. Ao alcançar a órbita, uma seção da nave que deveria desprender-se não o fez, impedindo que o sistema do controle térmico funcionasse corretamente. A recepção de dados vitais parou entre cinco e sete horas depois da decolagem. No entanto, Moscou divulgou que em poucos dias Laika desceria à Terra, e as pessoas ficaram esperando o seu regresso.

Durante anos a União Soviética deu explicações contraditórias sobre a morte de Laika, até que em outubro de 2002, o cientista Dimitri Malashenkov, que participou no lançamento do Sputnik II, revelou que Laika havia morrido entre cinco e sete horas depois da decolagem, devido ao estresse e superaquecimento. O Sputnik II finalmente explodiu (junto com os restos de Laika) ao entar em contato com a atmosfera, em 14 de abril de 1958, após 163 dias e 2.570 órbitas em volta da Terra.

Depois de Laika, nenhuma outra missão tripulada por cães foi lançada sem que existisse um sistema para o retorno seguro do animal. A deliberada morte de Laika desencadeou um debate mundial sobre os avanços científicos à custa de testes com animais. Vários grupos protetores dos direitos animais protestaram em frente das embaixadas soviéticas.
Somente em 1988, após o colapso do regime soviético, que Oleg Gazenko, um dos cientistas responsáveis por mandar Laika ao espaço, expressou remorso por permitir a morte dela: "Quanto mais tempo passa, mais lamento o sucedido. Não deveríamos ter feito isso.... nem sequer aprendemos o suficiente desta missão, para justificar a perda do animal".
Em 11 de abril de 2008 foi inaugurado um monumento em honra à Laika no centro de Moscou. O monumento foi colocado em uma alameda perto do Instituto de Medicina Militar onde ocorreram, há mais de meio século, os experimentos científicos com a participação da célebre cadela.

VIDEO:LAIKA THE DOG



03 maio 2011

MIES VAN DER ROHE: FARNSWORTH HOUSE


Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) é considerado um dos mais importantes arquitetos do século XX, tendo sido um dos principais mentores do modernismo.
Em 1946 a física Edith Farnsworth encomendou a Mies van der Rohe uma casa de fim de semana que fosse "arquitetura séria". Pouco tempo depois Mies apresentou-lhe os primeiros esboços daquele que viria a tornar-se um polêmico ícone do modernismo.


Os planos da casa que Mies apresentou a Edith Farnsworth revelavam o resultado prático do lema do arquiteto: "Less is More".
A casa consiste em duas placas de betão suportadas por oito vigas de aço. Todo o chão está suspenso destas vigas, como se a casa flutuasse sobre o solo que ocupa. A cobertura é uma placa igual à do chão, absolutamente paralela àquela. Todas as paredes são de vidro e não há divisões internas, com a exceção de uma estrutura que suporta a área da cozinha, espaço de arrumação e as instalações sanitárias. O acesso acontece por um conjunto de degraus que leva ao pequeno terraço da entrada, também coberto.


A doutora Farnsworth aprovou os planos, mas parece que se apaixonou tanto pela obra quanto pelo autor. Foram precisos quatro anos de trabalho para executar um plano que parecia simples. Consta que durante esse período a sua relação se aprofundou. Os seus encontros eram freqüentes e longos, muitas vezes na própria obra. A perfeição com que o projeto foi sendo executado é seguramente fruto de uma profunda paixão, resta saber se artística, se amorosa.


Quando tudo ficou concluído, o relacionamento acabou. Então Mies deu à Edith as chaves da sua nova casa e a conta do projeto – US$ 73.000 dólares. Edith Farnsworth processou o arquiteto pelo elevado preço, mas o fato de ter acompanhado tão intensamente a construção pesou contra si e perdeu o processo. Depois escreveu vários artigos contra a casa e contra Mies. Dizia que viver naquela casa não era bem o mesmo que contemplar os seus planos, que as contas de aquecimento eram exageradas, etc.
Irritada com o arquiteto disse a quem a quis ouvir, que: "Less is not more. It is simply less!"


Parece que a casa tinha de fato uns problemas, apesar de ter uma construção tão perfeitamente executada, mas há alguns aspectos que são verdadeiramente fascinantes: a ligação visual com o exterior, o fato de a casa estar descolada do solo, a simplicidade das linhas e a continuidade do interior, sem divisões...


A Farnsworth House ilustra o pensamento modernista do arquiteto alemão Mies van der Rohe: "menos é mais". A residência, localizada em Illinois (EUA), tem por característica a transparência e a fluidez dos espaços, e a aparente inexistência da conexão público-privado. Seu desenho é composto por linhas mínimas, uma linguagem de planos superpostos e a ilusão de que ela está flutuando sobre o solo. Com este exemplo Mies ajudou a criar o gênero arquitetônico conhecido como minimalismo.

VIDEOS

MIES VAN DER ROHE'S FARNSWORTH HOUSE – parte 1



MIES VAN DER ROHE'S FARNSWORTH HOUSE – parte 2



MIES VAN DER ROHE'S FARNSWORTH HOUSE – parte 3




Link externo: http://www.farnsworthhouse.org/