25 abril 2011

EDGARD VARESE E LE CORBUSIER: POEME-ELECTRONIQUE, 1958


O Poema Eletrônico foi apresentado, pela primeira vez, na Feira Mundial de 1958, em Bruxelas, através de 425 auto-falantes instalados em todo o pavilhão Philips. Agrupados em colméias, os conjuntos de alto-falantes criavam rotas de som que permitia a música correr em diversas direções, destacando certas regiões do pavilhão. Seu posicionamento e a concepção do edifício deu aos espectadores a sensação de estarem alojados dentro de uma concha prateada de concreto.

Um modelo gigante de um átomo pendia do teto e o som e imagem, na sala lotada, foram certamente chocantes e devastadores para todos os que testemunharam o espetáculo. Henry Miller o descreveu como um “estratosférico colosso de som”.


Quando a Philips (empresa de eletrônicos) abordou Le Corbusier para projetar um edifício para a feira, ele respondeu: "Não vou fazer um pavilhão para você (Philips), mas um poema eletrônico e um recipiente contendo um poema; luz, cor, imagem , ritmo e som, combinados em uma síntese orgânica "

Na sua auto-assumida condição de diretor do projeto, Le Corbusier exigiu a participação do compositor francês naturalizado americano Edgard Varèse (1883-1965), excluindo outros músicos inicialmente considerados, como Benjamin Britten (1913-1976), compositor, pianista e maestro e britânico.


A proposta de Le Corbusier, para participar no Poème Électronique foi imediatamente aceita por Varèse. Constituía não só um valioso encargo, como também a possibilidade de dispor do laboratório Philips em Eindhoven, com condições que até então não tinha podido sonhar para produzir música eletrônica.

A composição Poème Électronique foi concebida segundo o critério ‘varesiano’ de son organisée (som organizado), distinguindo-se da música de estrutura melódica. Consistia numa sequência gravada que incluía sons gerados eletronicamente ou naturais (música concreta). O Poème alcançou um importante reconhecimento e é considerado uma obra importante do último período de Varèse.


Simultaneamente com a música de Varèse, e sem nenhum critério de sincronização, projetava-se a sequência visual concebida por Le Corbusier, que abrangia desde a gênese do mundo até a nova civilização exemplificada em obras do próprio arquiteto.



A procura de uma síntese das artes faz parte da agenda cultural posterior à II Guerra Mundial. O Pavilhão Philips representa um esforço evidente de Le Corbusier em realizar uma obra de arte total, utilizando tecnologia de vanguarda e apresentando-se como um artista que ultrapassa os limites da arquitetura, das artes visuais e da literatura, mas também reflete uma abertura para a música. Mais ou menos simultaneamente com a concepção do seu Le Modulor, de certo modo similar a uma escala musical, Le Corbusier desenvolve o seu conceito de ‘Acústica plástica’.

Link externo: http://www.cca.qc.ca/en/study-centre/575-scholar-s-choice-the-philips-pavilion-at-the-brussels-worlds

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