06 junho 2010

MORRE KAZUO OHNO

O mais velho dançarino japonês de butô, Kazuo Ohno, morreu de insuficiência respiratória nesta terça-feira (1º), aos 103 anos. Aclamado internacionalmente, com passagens pelo Brasil por três vezes, Ohno morreu em Yokohama, no Japão.
Seu encontro com Tatsumi Hijikata - fundador do butô - e as influências da dança moderna levaram Ohno a popularizar o estilo. Minimalista, Ohno sempre se apresentava vestido de mulher. Entre seus trabalhos mais famosos estão os espetáculos "Dead Sea", "Ka Cho Fu Getsu", "My Mother" e "Water Lilies".
Nascido na ilha de Hokkaido em 1906, Ohno entrou para o estúdio de dança comandado por Baku Ishii em 1933. Depois de uma pausa de nove anos nas atividades durante a Segunda Guerra Mundial, em que serviu na China e na Nova Guiné e foi prisioneiro de guerra, Ohno fez sua primeira apresentação na capital japonesa em 1949, aos 43 anos.
A DANÇA BUTÔ
O Japão do pós-guerra era um misto de indignação e dor. E um estilo de dança mostrou ao mundo as feridas e a decadência dessa sociedade: o Butô.
Não por acaso, a dança foi rejeitada em seu próprio país. Mas ganhou o mundo com sua estética impressionante e temas polêmicos. Ficou conhecida como a “dança das trevas”.
Criada nos anos 60 por Tatsumi Hijikata (1928-1986), o butô surgiu como uma espécie de ruptura com tudo o que se produzia no Japão antes da Segunda Guerra Mundial. Os ideogramas da palavra butô significam “dançar/manipular” e “pisar o solo/marcar passo”, o que dá idéia da teatralidade da dança, que até hoje não consta dos calendários oficiais como uma arte típica japonesa. Kazuo Ohno, outra lenda dessa arte, celebrizou a dança da luz, uma contraposição a dança das trevas de Hikijata.
De acordo com palavras do próprio Ohno, “Butô é uma das mais arrojadas formas de dança contemporânea, única do Japão. Expressa ao mesmo tempo tantas idéias diferentes que é impossível defini-la. Ela somente choca e surpreende”.
Ohno buscou no inconsciente comum a todo homem, oriental ou não, a beleza e a decrepitude, a simplicidade e a complexidade, o cômico e o trágico.
Da mobilidade e/ou imobilidade das extremidades corporais, que os braços, as pernas, o tronco, o pescoço, a cabeça levam o performático a mergulhar na viagem corporal que conduz à poesia.

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