30 abril 2008

QUEM TEM MÊDO DE ARTE CONTEMPORÂNEA?


A partir da década de 90 alguns artistas começaram a trabalhar com uma arte biológica, de caráter experimental, estritamente “viva” - a bioarte - produzida em laboratórios científicos e estúdios criados pelos artistas.

VIDEO: ANATOMY | TISSUE | ABC1



Esta arte tem como meio a utilização de células, proteínas, DNA, bactérias, tecido vivo, sangue e congêneres, e defende o limite da categoria no estrito tópico das “formas vivas”, usada como prática da arte, onde sua ferramenta é a biotecnologia – por exemplo, a engenharia genética e a clonagem. Além de artistas dessa nova mídia eles também podem ser vistos como cientistas.

'Sk-INTERFACES': MOSTRA BRITÂNICA REUNIU OBRAS COM PELE HUMANA

Uma exposição que reuniu esculturas feitas com pele humana despertou interesse e polêmica em uma galeria na cidade de Liverpool, na Inglaterra. Ao todo, 15 artistas internacionais participaram da exposição Sk-interfaces, no Centro cultural FACT.
Veja imagens de obras da exposição

VIDEO: 'THE HARLEQUIN COAT' - ORLAN



A mostra incluiu um casaco feito com tecido cultivado em laboratório que mescla células humanas e de várias outras espécies. A obra, intitulada Harlequin Coat, é da artista ORLAN, conhecida por ter alterado cirurgicamente seu próprio rosto buscando faces associadas a culturas não-ocidentais.

VIDEO: 'VICTMLESS LEATHER' - ORON CATTS E IONAT ZURR



PARTE 2



Outro trabalho exposto na galeria, Victimless Leather (em tradução livre, Couro Sem Vítima), explora a possibilidade de se produzir couro sem matar um animal. Três casacos em tamanho miniatura são produzidos ao vivo pelos artistas Oron Catts e Ionat Zurr a partir de pele cultivada in vitro na própria galeria.


Os artistas franceses Marion Laval-Jeantet e Benoît Mangin criaram um tecido híbrido feito com células extraídas de suas próprias peles mescladas com células da pele de porcos. O tecido, cultivado em laboratório, foi tatuado para ser enxertado na pele de colecionadores de arte para que eles possam fisicamente "vestir e absorver a obra", diz um texto elaborado para explicar os objetivos da exposição.

VIDEO: 'THIRD EAR' - STELARC



O artista Stelarc implantou uma orelha no braço e agora pretende acoplar um microfone ao órgão. O microfone será conectado à internet para que as pessoas possam escutar o que "a orelha" está ouvindo.


A obra da americana Julia Reodica usa células extraídas da vagina da artista e de músculos de animais para criar "himens de designer". As esculturas são apresentadas como produtos que deveriam ser comercializados como objetos de "re-virginização", abordando temas como a pureza e o valor atribuído à virginidade feminina em diferentes culturas.

Polêmica

A exposição Sk-interfaces aborda algumas das questões mais importantes da atualidade, fundindo ciência, tecnologia e arte. Como resultado, está atraindo atenção, mas também polêmica.
John Ashton, secretário de Saúde Pública da região noroeste da Inglaterra, afirma que, para muitos, um evento como esse poderia ser considerado de extremo mau gosto. Para Ashton, a exposição deixa perguntas no ar. "Será que artistas têm alguma responsabilidade em relação a como seu público se sente a respeito das coisas?", questiona o secretário.
"O que antes era entendido como uma superfície que representa o limite do eu, entre o dentro e o fora, hoje pode ser visto como uma fronteira instável", diz Jens Hauser, curador da exposição.

VIDEO:Centro Cultural FACT em 2008



FOTÓGRAFO ALEMÃO REGISTRA 'FACES DA MORTE'

UMA EXPOSIÇÃO EM LONDRES REÚNE RETRATOS DE 24 PACIENTES TERMINAIS ANTES E DEPOIS DA MORTE.


O fotógrafo alemão Walter Schels e a jornalista Beate Lakotta passaram um ano acompanhando pacientes em fase terminal em diversos hospitais na Alemanha para tentar revelar a opinião destas pessoas sobre sua condição e seu medo da morte e fotografar as pessoas mortas e vivas.
As fotos estão reunidas na exposição Life Before Death (Vida Antes da Morte, em tradução livre), que traz 48 retratos de 24 pacientes terminais – de um bebê de 17 meses a um homem de 83 anos – antes e depois da morte.
Veja aqui algumas imagens da exposição


Segundo Lakotte, a intenção do projeto é tentar superar o medo da morte.
"Nós todos sabemos que vamos morrer um dia, mas é difícil acreditar que realmente vai acontecer com a gente. Nossa motivação era tentar superar o nosso próprio medo da morte e o projeto tenta explorar esta questão", disse.
Cada imagem traz um depoimento sobre a vida dos retratados e o que esperavam da morte.

VIDEO: LIFE BEFORE DEATH - WALTER SCHELS & BEATE LAKOTTA



Uma das fotografadas, Maria Hai-Anh, por exemplo, se preparou durante um mês para a morte e acreditava que precisava se desprender de todas as pessoas antes de morrer.
Já para Heiner Schmitz, um publicitário que morreu com 52 anos, a morte era tudo o que ele conseguia pensar no último mês de vida.
"Esses retratos marcantes revelam que contemplar a certeza da morte pode oferecer uma percepção bonita e emocionante sobre uma das mais profundas experiências que todos iremos passar", afirmou Ken Arnold, um dos diretores da galeria que abriga a exposição.
A mostra Life Before Death fica em cartaz de 9 de abril até 18 de maio na galeria Wellcome Collection , em Londres.

ARTISTA ALEMÃO PROCURA DOENTE TERMINAL PARA MORRER EM INSTALAÇÃO


O artista plástico alemão Gregor Schneider está procurando um paciente terminal para participar de uma instalação na qual o doente morreria na galeria de arte.
Segundo Schneider, o doente passaria suas últimas horas de vida em uma galeria, no centro de uma instalação aberta ao público.
De acordo com ele, todo o processo artístico seria preparado com o consentimento do paciente e de seus familiares, que poderiam determinar como o moribundo seria apresentado.
Ele argumenta que tornar a morte pública pode servir para diminuir o medo das pessoas sobre o momento da morte.
O artista afirma que a instalação apresentaria a morte de uma maneira respeitosa e humana, e com um mínimo de privacidade – o doente ficaria em um espaço fechado com acesso controlado.
"Essa idéia já me persegue há mais de dez anos", disse o artista em uma entrevista à imprensa alemã.


Polêmica

A idéia de Schneider gerou polêmica na Alemanha. Segundo Schneider, ele teria recebido ameaças de morte depois de tornar sua idéia pública.
Políticos de partidos de esquerda e de direita criticaram o projeto dizendo que se trata de um "abuso da liberdade artística".
Silvia Loehrmann, deputada do partido verde no estado da Renânia do Norte-Vestfália, local onde Schneider quer expor sua obra, disse que não pode imaginar que pessoas queiram ver um moribundo "como vêem animais em um zoológico".
Caso consiga realizar a instalação, esta não será a primeira vez que a morte seria tema de uma obra de Gregor Schneider.
Ele já produziu uma instalação onde uma mulher morta era representada por um boneco e também já encenou sua própria morte, além de ter produzido esculturas relacionadas com o tema.

CÃO MORRE DE FOME "EM NOME DA ARTE"


Em 2007, o artista Guillermo Vargas Habacuc recolheu um cão de rua, doente, amarrou-o a uma corda curtíssima na parede de uma galeria de arte e ali o deixou, perecendo lentamente de fome e sede.
Durante vários dias, tanto o autor como os visitantes da galeria presenciaram a agonia do animal que, finalmente, morreu de inanição, depois de ter passado por um doloroso calvário. Na ocasião, Habacuc justificou-se dizendo que a "obra" tinha como objetivo desmascarar a hipocrisia das pessoas que não se sensibilizam com os animais que morrem nas ruas, mas ficam chocadas quando isto acontece em uma exposição.
Este ano, apesar dos protestos, a prestigiada Bienal Centro-Americana de Arte decidiu que isso é arte: Habacuc foi convidado a reapresentar a sua cruel ação em 2008 [implica o sequestro de outro cão].
Deste modo, novos protestos circulam na internet a fim de impedir que o "artista" repita o show de violação do direito dos animais e agressão à sensibilidade dos seres humanos. Está na rede uma petição, no site: http://www.petitiononline.com/13031953/petition.html, disponível aos internautas que desejarem expressar seu repúdio à morte da próxima vítima de Habacuc.

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